Braseiro da Gávea e as genuínas guarnições cariocas

As poucas vezes que eu estive no Braseiro da Gávea, por incrível que pareça, foram passagens rápidas, dessas de noites movimentadas no Baixo, em que se toma mais chope do que se come.

Nenhuma das minhas idas foi suficiente para fazer uma avaliação mais profunda sobre a casa. Pois resolvi tirar uma tarde de sábado especialmente para entender porque este restaurante é um dos mais célebres braseiros da cidade do Rio de Janeiro. Seria um mito, ou verdade?

Braseiro da Gávea
Garçons correndo no salão

Partimos Silvia e eu direto para o charmosa e arborizada região da Gávea, um exclusivo pedaço de Rio colado ao verde das montanhas. Não fosse a horrenda via expressa que divide o bairro do Leblon, seria muito mais especial.

Filas quase certas nos finais de semana

Fomos recepcionados por uma fila monstruosa, dessas que nos faz quase desistir, dar meia volta ou procurar um lugar no sempre meio vazio Hipódromo. Havia seis mesas de dois lugares a nossa frente, sem contar as outras tantas de quatro, cinco…

Braseiro da Gávea
O intenso movimento na cozinha com o braseiro a toda

Enfim, colocamos nosso nome na lista e tomamos uma decisão muito sábia: dar uma volta pelas ruas sombreadas do bairro. Se acaso voltássemos e fosse a nossa vez de almoçar, sentaríamos. Do contrário partiríamos para outra banda.

Circulamos um pouco pela área, gastamos algumas calorias, suficientes para abrandar a culpa pela comilança, e voltamos ao Braseiro. Não é que ainda iam nos chamar! Mas agora só faltava uma mesa.

Resolvemos esperar e munidos eu de um chope resgatado logo ao lado no interessante boteco anexo da casa. Com um dia bonito de sol e a olhar o movimento da rua, nem sentimos a fila.

Braseiro da Gávea
Que linguiça boa! Com a quantidade necessária de gordura

Logo já estávamos sentados no salão dos fundos. É claro que a varanda é o filé mignon, mas há de se ter muita sorte (ou esquema) para conseguir almoçar por ali no final de semana.

A parte de trás é um pouco espremido e não tão agradável, mas também não é um drama. O serviço, que começou um pouco titubeante (talvez pelo acúmulo de movimento em determinado momento) logo melhorou. O garçom que nos atendeu, o Edvar, revelou-se um ótimo profissional.

Espeto de linguiça

De pronto um rapaz trouxe um espeto de linguiça, assim que sentamos à mesa (não deu tempo nem de pedir o chope antes). Não recusei a oferta e já fui cortando a bichinha, que veio acompanhada de um bom molho vinagrete (só de cebola e tomate).

Braseiro da Gávea
A picanha é muito boa

Foi então que eu vi que o troço ali é realmente distinto. Que linguiça boa, realmente saborosa! Não é qualquer uma, de braseiro comum. Tem um quê de especial, um sabor que eu definiria como tradicional, com aquela quantidade necessária de gordura, que me remeteu as antigas casas de carne do Rio. Já fiquei estupidamente feliz.

Antes dos gaúchos trazerem a novidade do rodízio (já faz tempo isso), que dominou a cena carnívora da Guanabara e de todo o Brasil, os cariocas eram habituados as casas de carne ‘a la carte’, onde no máximo apenas as linguiças eram servidas no espeto. Tal é assim no Braseiro da Gávea, tal é assim na Majórica, no Flamengo.

Braseiro da Gávea
As guarnições estavam todas gostosas, com destaque para o arroz e a batata
Picanha ao Braseiro

Eu não tinha dúvidas do que pedir: a picanha, servida fatiada numa badeja cheia de sangue, como manda o figurino do Rio. Ficamos na orgia da Picanha ao Braseiro, um prato mais do que completo: com arroz a brócolis, farofa de banana e batatas portuguesas. Uma reunião de genuínas guarnições cariocas.

Acaso eu morasse fora do Rio e retornasse a cidade depois de uma longa temporada acho que este seria o meu primeiro prato a pedir na cidade. Mas tenho de dizer: é um exagero (muito bem vindo). Melhor de tudo, todas as guarnições estavam boas.

Dou um especial destaque ao delicioso e bem consistente arroz a brócolis e a impecável batata portuguesa, bem sequinha e crocante. Quanto à picanha é uma carne de respeito, saborosa e macia.

Braseiro da Gávea
A melhor parte da casa é a varanda, mas tem de se ter paciência para aguardar

Não demorei a compreender porque o Braseiro é tão celebrado e entendi perfeitamente a paciência do povo que aguardava na enorme fila da porta.

Foi assim que segui tomando meu chope digno e sendo muito bem servido. Ali cometendo o ato de suprema felicidade que é molhar a batata portuguesa no sangue da picanha na bandeja.

Braseiro da Gávea
Anexo ao restaurante há um boteco charmoso para se beber em pé

Para fechar a minha seção de elogios, no fim, a conta não foi um absurdo, como a maioria das contas de restaurantes no Rio. A Picanha com toda a orgia de carboidratos saiu a R$ 73,00.

Com o importante detalhe que daria para três pessoas normais, pois não demos conta de uma grande quantidade de guarnição e algumas fatias de carne. A unidade de linguiça saiu por honestíssimos R$ 2,50. Foi um belo e verdadeiro almoço carioca, para deixar qualquer família, ou amigos, feliz.

Braseiro da Gávea

Endereço: Praça Santos Dumont, 116 – Gávea. Rio de Janeiro / RJ.
Horário: domingo a quinta das 11h30m às 1h. Sexta e sábado das 11h30m às 3h.
Contato: (21) 2239-7494

Para saber mais:
instagram.com/braseirodagavea
braseirodagavea.com.br

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Encontre outras dicas de bares e restaurantes no Rio de Janeiro em: comer e beber no Rio

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