O Bar Catarina e seus petiscos do mar

O Catarina, bar, Perdizes, peixes e frutos do mar, São Paulo
O Bar Catarina e seus petiscos do mar

O BAR CATARINA ESTÁ PERMANENTEMENTE FECHADO. TEXTO MANTIDO COMO MEMÓRIA GASTRONÔMICA PAULISTANA.

Entre um dos poucos lugares que tive tempo de conhecer da lista de bares participantes do comida di buteco 2012 em São Paulo está o O Catarina. É uma casa pequenina e simpática no bairro de Perdizes. Fui atrás da sugestão apresentada no festival, o Coquetel de Camarão. Acabei por sorte caindo dentro de outro petisco.

O fundador do bar, Renato, tem no sangue e na criação, profundo conhecimento sobre as maravilhas gastronômicas do mar. É pescador profissional, nascido e criado na Praia de Jurerê em Florianópolis. No meio de uma família de pescadores. Estejam certos do seguinte: ali poderão encontrar, talvez, as ostras mais frescas de São Paulo. O fornecimento é garantido não menos do que pelo próprio irmão de Renato, que envia as bichinhas toda terça e sexta – par avion.

Bar Catarina Pompeia
A entrada do pequeno e simpático bar de Perdizes em São Paulo…
Bar Catarina Pompeia
…e a área interna. Os clientes preferem sentar na calçada

A qualidade se repete em todos os produtos da casa. O cardápio é tipicamente praiano: lulas á dore, bolinhos de peixe e de siri, casquinha, caldinhos, mariscos, camarão, tudo de bom. Se não é possível avistar o mar das ladeiras de Perdizes, a simpatia da equipe da casa somadas as imagens da capital de Santa Catarina espalhadas pela parede, muito bem nos aconchega no pequeno espaço – que é expandido com algumas mesas de madeira colocadas na calçada.

O clima é familiar. Fui atendido pela sobrinha de Renato, Amanda, que veio a São Paulo estudar e ajuda o tio no serviço. Ficou claro que por ali todo mundo se conhece, uma comunidade reunida em volta de uma boa mesa de frutos do mar. Gostei.

Bar Catarina Pompeia
A porção de bolinhos de siri: crocante por fora, com bom balanço de massa

Perguntei pelo coquetel de camarão, mas como eu estava sozinho, Amanda me alertou que talvez fosse muita coisa. Dispensei esta opção e peguei o cardápio para ler, sem pressa, enquanto tomava uma cerveja gelada num final de tarde de frio em Sampa. Não foi fácil decidir. Um caldinho de peixe cairia muito bem naquela temperatura, no entanto eu estava a fim mesmo é de mastigar algo.

Demorei uma garrafa de Original inteira na dúvida, mas ao pedir a segunda ampola escolhi finalmente o petisco: o bolinho de siri. É um pedido arriscado, que não faço em qualquer lugar. Digo isto porque um bom bolinho de siri é exceção e não regra. Isto quando se trata realmente de carne de siri e não peixe esfarelado. Tudo o que eu não gostaria naquele momento seria um bolinho duro e massudo com restos de qualquer coisa do oceano.

Vocês devem imaginar o quão feliz fiquei ao constatar que o bolinho de siri do Bar Catarina está no grupo das exceções. Uma belíssima exceção, tão boa que eu estou quase certo de que foi o melhor da minha vida. A começar pelo básico: o recheio, bem camarada, de carne de siri fresca – de siri de verdade. Isto faz tanta diferença que creio eu, algumas pessoas talvez não gostem – por estarem acostumadas com aquela carne inventada e congelada que alguns lugares servem como sendo siri.

Bar Catarina Pompeia
Os painéis com imagens das praias e da cultura de Florianópolis
Bar Catarina Pompeia
Para quem gosta de cachaça a ótima Armazém Vieira, de Floripa, é uma boa pedida

Para completar, a casca é crocante e a quantidade de massa não muito grande. Ou seja, perfeito! A porção, com seis unidades, custa R$ 18,00 – valor honesto pela qualidade. Acompanhando o grupo de bolinhos, vem um delicioso molho de pimenta. Com a cerveja gelada, não queria saber mais de nada. Este foi o meu jantar aquele dia.

Saí do Bar Catarina lamentando o fato de estar sozinho, pois são tantos os petiscos interessantes por lá, que nos vale estar num grupo de ao menos umas quatro pessoas para dar conta de parte do cardápio. Depois desta minha passagem ainda não retornei ao bar. Já está mais do que na hora. Umas ostras frescas, agora, não me cairiam nada mal.

Endereço: Rua Ministro Ferreira Alves, 131 – Perdizes. São Paulo (SP).

Quer lembrar de outros tantos bares e restaurantes que fecharam as portas no Rio de Janeiro e São Paulo, acesse a nossa página: memória

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editor do site Diários Gastronômicos

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