Este texto é uma visita as minhas memórias da Praia do Sudoeste, da Lagoa de Araruama e de São Pedro D´Aldeia, cidade onde vivi alguns dos momentos mais felizes de minha infância e parte da juventude. Tenho um carinho enorme por lá.
Meu avô Herberto tinha um sítio em São Pedro, onde iamos passar as férias junto com a família. Lembro dos meus pais encherem o Corcel Belina de tudo que é tralha (não sei como cabia tanta coisa em um automóvel) para passarmos o verão e as férias de julho por lá. Era como nossa segunda casa depois do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Voltei agora à São Pedro para visitar minha tia Heloísa, que ainda mora por lá. Aproveitei as férias de janeiro do meu filho Arthur para um programa em família, bem no meio da semana. Uma viagem ligeira, de dois dias. Um deles dedicado inteiramente a Praia do Sudoeste.
Pescando manjubinha em São Pedro D´Aldeia
Nas pedras em um dos cantos da Praia do Sudoeste eu ia pescar com meus irmãos, os primos, amigos e meu pai. É uma da memórias mais legais de minha infância. Chegávamos bem cedo com um isopor de um lado e varinhas feitas de bambu do outro.
Nós mesmos fabricávamos as varinhas se embrenhando no bambuzal de meu avô. Tínhamos de tomar cuidado com as cobras. Mas medo mesmo eram os gansos que minha avó Juraci criava, mais ferozes que um doberman (só para ficar nos anos 80).
Comprávamos fio de nylon e pequenos ganchos e usávamos um pesinho de chumbo (imagina isso!) para a linha afundar na água. As iscas eram pequenos pedacinhos de camarão.
Na Lagoa de Araruama dava muita manjubinha. Não era difícil pescar. Depois de encher o isopor voltávamos para casa de meu avô e meu pai limpava os peixinhos um a um e depois os colocá-va para fritar. Que delícia. Adorava e continuo amando manjubinha.
Praia do Sudoeste
Havia um restaurante chamado Genésio em um dos cantos da praia. Era bastante conhecido. Por vezes almoçávamos lá. Mas meus pais curtiam mesmo ficar junto aos quiosques para comer camarão frito e tainha. Incrivelmente os quiosques ainda estão por lá. Paramos no Quiosque do Por do Sol para almoçar neste retorno.
Se vocês me perguntarem o que para mim é o verdadeiro sabor da infância, digo sem dúvida, peixe frito. Seja a manjubinha ou a ótima tainha que são pescados típicos da Lagoa de Araruama. Isso junto com o camarão, o pequeno e saborossíssimo camarão da Região dos Lagos. Talvez seja puro saudosismo (porque tudo quando a gente é criança parece muito mais gostoso), mas tenho essa impressão de que nunca mais comi um camarão tão bom como o de lá.
Mas o camarão ficou apenas no ótimo recheio do pastel que abriu o programa. Como meu filho é louco por lula à milanesa, optamos pelo molusco, ao invés do camaraozinho frito… Essa fiquei na vontade. Mas a tainha não dispensei. E ela chegou exatamente como eu imaginava: imponente, crocante, na travessa com salada e acompanhada de pirão e arroz. Puro sabor de infância!
A Lagoa de Araruama renasce
Fiquei feliz em ver que a Lagoa de Araruama está limpa e transparente. Fruto da implantação da rede de esgoto nas cidades ao redor. A gente faz nossa parte e a natureza o resto. Com as águas mais limpas, os peixes voltaram. Além da tainha, a Perumbeba e a Carapeba que há muito tinham desaparecido de lá.
A Praia do Sudoeste é um lugar belíssimo, mas desses que não bombam além da galera que sempre circulou por São Pedro. Talvez pelo fato de que as águas da Lagoa por muito tempo estivessem sujas, mas também o perfil da região, que não atrai os “famosos” e “descolados “como Búzios, por exemplo. Ou mesmo Cabo Frio.
Melhor para quem frequenta o local, que nos dias de semana em que o movimento é menor é bastante agradável. E os preços bem mais em conta também. As águas calmas são ideias para ir com a criançada, ou para ficar ali estirado de preguiça, sem uma onda vir te incomodar.
A salinidade também ajuda a manter o corpo boiando. Aliás, é outra característica marcante das águas da Lagoa. Muita gente diz que os peixes lá são mais saborosos por conta disso. Não sei dizer. Fato é que de tão salgada, quando a água seca nossa pele fica cheia de sal. É só esfregar o peixe que já tá temperado. Não é a toa que as salinas façam parte da paisagem da região.
De papo até o anoitecer
Muita gente põe as cadeiras de praia dentro da água e ficam ali de papo até o anoitecer. Bem gostoso a sensação de estar de volta à São Pedro D´Aldeia. Ficar simplesmente parado sem se importar com o tempo catando as conchinhas e deixando o vento nordeste típico da Região dos Lagos (hoje Costa do Sol, mas sou de outros tempos) bater sobre nossa pele salgada e queimada de sol.
Ficamos eu, meu irmão Rapha, minha mãe e meu filho Arthur um bom tempo sentado junto ao quiosque. Meu filho parecia um peixe que não saia da água, só quando ia beliscar suas lulas. Uma tarde agradável, de muitas boas lembranças, dessas que nos faz querer repetir a dose. E virá.
Gostou da dica? Então quando der um pulo na Praia do Sudoeste, em São Pedro D´Aldeia, ou em outras cidades da Lagoa de Araruama, não deixe de falar pra gente como foi a experiência no Instagram do Diários Gastronômicos ou aqui no blog.
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