A Costela do Beco no Escondidinho

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A Costela do Beco no Escondidinho

A Costela do Beco, também conhecido como Escondidinho, não poderia ter outro nome. Só mesmo os olhares mais atentos para reparar nessa pequena e clássica casa. Fica no minúsculo Beco dos Barbeiros, entre a Rua do Carmo e a Rua 1º de Março.

Com o horário restrito apenas a hora do almoço durante a semana, ele é mais conhecido mesmo pela galera esfomeada que trabalha no Centro do Rio.

Por ali a cidade ainda preserva contornos coloniais e revela esta pequenina e curiosa viela. A região da a Praça XV guarda alguns dos muitos interessantes segredos e é um lugar que sempre me dá vontade de caminhar sem rumo certo, mas atento aos detalhes.

Costela do Beco (Escondidinho), costela de boi
A porta do estabelecimento, já mais vazia depois de passado o horário do almoço

Ao menos aquele dia eu tinha rumo. Havia tempo em que não me dava o prazer de ir ao Escondidinho, tanto tempo que ele até hoje não constava no Diários Gastronômicos. Uma falta agora já coberta com toda a pompa de uma costela de boi.

O lugar é famoso justo por este corte saboroso, pesado, gorduroso e sagrado do boi. Um pedido que não é para todo dia, mas se nosso coração permitisse, não iria cair mal uma vez por semana.

O Rio e as suas Costelas de Boi

A costela de boi é um prato bastante popular no Rio e tem versões célebres no bafo como a do Cachambeer, no Cachambi e a do Zinho Bier em Benfica.

Costela do Beco (Escondidinho), costela de boi, Beco dos Barbeiros
Beco dos Barbeiros: um dos muitos cantinhos escondidos no histórico Centro do Rio

O preparo no Escondidinho, no entanto, é distinto. A carne é feita na panela, com bastante molho. É diferente e muito boa. Como mais uma vez eu, e um amigo que me fazia companhia, pudemos constatar.

Era uma sexta-feira, dia sagrado dos almoços cariocas esticados. Dia também de feijoada na cidade. Mas a galera que vai ao Escondidinho, em 90% dos casos, tem a costela como opção. A casa fica cheia, muito cheia. É de imaginar, portanto, que na hora do almoço as filas sejam comuns.

Uma mesa de dois lugares é sempre mais fácil de descolar. Assim, apesar da porta do estabelecimento estar coalhada de gente sedenta, o rapaz que gerenciava o movimento arrumou um cantinho para nós. Ficamos espremidos entre outras mesas, ao ponto que literalmente participamos da conversa alheia.

Nossa sorte é que ao nosso lado um casal simpaticíssimo terminava de traçar sua refeição. Fazem parte dos 10% que pede outra coisa que não a costela. Solicitaram o Leitão a Pururuca.

Costela do Beco (Escondidinho), costela de boi
Pedimos a Costela Tradicional com farofa de ovos com batatas portuguesas
Costela Tradicional com farofa de ovo

Olhei o cardápio do Escondidinho mais por curiosidade, pois logo solicitei a Costela Tradicional com farofa de ovo. O valor de R$ 77,00 parece muito à primeira vista, mas quando a bicha chega à mesa vê-se claramente que a porção atende a 3 comilões, ou 4 pessoas equilibradas.

Para completar, ainda pedimos uma travessa de fritas à portuguesa. A outra opção, não menos tentadora, seria a Costela Especial com Agrião e Aipim (R$ 82,00). Fica para outra oportunidade.

Eu não sei onde eu e Vini estávamos com a cabeça de imaginar que poderíamos dar conta de um prato daqueles. Mesmo com muita fome, sabia que seria impossível terminar de abocanhar toda a porção, apesar da carne bem apresentada, que desmanchava dos ossos a cada garfada. Estava uma delícia! É nestas horas que eu gostaria de ter dois estômagos.

Costela do Beco (Escondidinho), costela de boi
O imponente pedaço de costela logo nos revela a verdade: dois não dão conta daquilo

Comecei empolgado a detonar o troço, misturando o meu prato com medidas bem divididas de carne, farofa e batata. Conforme o tempo passava, aos poucos ia dispensando os acompanhamentos e me concentrando na costela. Quando dei o segundo suspiro profundo, ainda faltava muita coisa presa aos ossos.

Meu último ato heroico foi deixar o prato de lado e ir ticando pequenos pedaços bem escolhidos do corte de boi, mergulhando-os prazerosamente no saboroso molho.

Olha que mesmo já sem fome ainda pensava o quanto um pão iria cair bem ali. Não deu. Olhei para Vini, que neste ponto já tinha desistido, sorri e larguei o garfo. Belo almoço.

Costela do Beco (Escondidinho), Mineiro de Botas
Meu amigo, Guerreiro, ainda enfrentou um monstruoso Mineiro de Botas
Mineiro de Botas

Vinicius, no entanto, demonstrou-se um verdadeiro guerreiro ao assumir ainda a missão de ajudar o casal ao nosso lado a matar um monstruoso (e segundo me falaram delicioso) Mineiro de Botas. É uma tradicional sobremesa com banana, queijo branco e goiabada flambados no conhaque (R$ 17,50). Eu que não sou chegado a doce, e já assumidamente derrotado pela comida, fiquei no meu canto como bom observador.

Inaugurado em 1947, o Escondidinho oferta um cardápio que vai muito além da costela, servindo outros clássicos como a rabada de terça e o Frango com Quiabo de quinta. Imagino que também sejam bem servidos e bons. Para mim, no entanto, é difícil ir lá e não resistir a Costela de boi.

Costela do Beco (Escondidinho)

Endereço: Beco dos Barbeiros, 12 – loja A e B – Centro. Rio de Janeiro (RJ).
Funciona de segunda a sexta das 11h às 16h.
Contato: (21) 96775-6563

Para saber mais:
instagram.com/costela_do_beco

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Encontre outras dicas de bares e restaurantes no Rio de Janeiro em: comer e beber no Rio

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editor do site Diários Gastronômicos

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3 Comments on “A Costela do Beco no Escondidinho”

  1. Dedé, você escolheu a companhia ideal pra matar essa costela. O o Vinícius, com aquele metabolismo milagroso, pode comer tudo quanto é gordurama. Costela macia poucos sabem fazer tão bem quanto o Escondidinho, meu predileto durante os anos em que trabalhei no BB, ali perto, hoje Centro Cultural.

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