Foi um dos dias mais quentes da história carioca. Os termômetros do Centro da Cidade marcavam 45 graus, mas a sensação era de 50 ou mais. Eu devia estar louco mesmo de me enfiar na Saara, porém tinha de cumprir uma missão que eu adiava há tempos: voltar ao El-Gebal, um tradicional árabe bem perto do Campo de Santana.
Para minha sorte o restaurante, que fica atrás de uma quase imperceptível lanchonete de salgados típicos, tem um ar-condicionado bem forte. Chegado até ali dava para me refugir do calor durante o almoço.
Eu tenho uma relação bastante afetiva com esta pequena casa, pois foi lá onde eu me apaixonei pela comida árabe.
Iguarias sírias e libanesas
Não digo quibes e esfihas, mas pratos como quibe cru, babaganush, homus, arroz de lentinha, entre outras delícias.
Meu pai, que trabalhava na área, costumava me levar lá junto com meus irmãos quando éramos garotos. Na época eu achava exótico comer carne crua e era fascinado pela pasta de grão de bico com pão árabe (continuo sendo).
Hoje em dia os pratos árabes são uma constante em minha vida. É uma das culinárias que mais admiro e que ainda me surpreende com novidades. Ainda mais depois de minha mudança para São Paulo.
Devo certamente isto ao meu velho, que também amava as iguarias sírias e libanesas. Ele tinha o El-Gebal como um de seus restaurantes árabes prediletos.
Não era só por conta do calor que eu estava a suar. A ansiedade também precipitava as gotas a encharcar minha camiseta. E se o lugar estivesse decadente? A comida ruim?
Por vezes é melhor deixar na memória os restaurantes bons que passamos ao longo da vida. Queria correr o risco e voltar lá. Antes de tudo eu queria curtir, um pouco sozinho e devorando um prato de comida árabe, a saudade que sinto dos momentos que vivi com meu pai.
Tradição desde 1958
Minha primeira surpresa foi ver que a casa continua praticamente a mesma, com sua elegante parede de mármore, os espelhos e o aquário no fundo do salão. Cheguei por volta de meio dia e logo as mesas ficaram lotadas. Deu pra ver que o público é fiel e já conhecia as atendentes.
Eu tinha a intenção de provar os pratos que costumava pedir com meu pai como o quibe cru, o babaganush e o homus, mas sabia que seria um exagero, já que estava sozinho. Preferi explorar um dos combinados do dia.
Podemos montar o prato que quisermos com kaftas, tabule, abobrinha recheada, lentilha etc. Com o calor que me aguardava após o almoço, decidi segurar a onda e comer mais leve. Assim optei pelo tabule, a abobrinha recheada e uma kafta.
Não tem muito erro. A katfa estava bem boa, crocante por fora e com a carne rosadinha por dentro. O tabule ok. O preço (R$ 27,20) é que poderia ser um pouco mais em conta, mas tudo bem. Foi bom ver que a comida continua boa por lá, no entanto ainda desejo retornar pelo homus e o quibe cru.
Acho que a casa está no mesmo nível de outros bons árabes da região da Saara como o Cedro do Líbano e o Sírio Libanês. Com a vantagem de ter um ambiente muito charmoso, com seu jeitão de restaurante dos anos cinquenta (foi inaugurado em 1958).
O programa vale a pena, mas ao contrário de mim, escolham um dia mais fresquinho para o passeio pela área.
El-Gebal
Rua Buenos Aires, 328 – Centro. Rio de Janeiro (RJ).
Horário: segunda à sexta das 7h30m às 18h. Sábado das 7h30 às 14h.
Contatos: (21) 99890-9595
Para saber mais:
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