Botafoguense doente, Seu Chico aguardava nervoso pelo início da partida entre o seu time contra o Corinthians, apoiando o cotovelo no balcão e de olho na pequena tevê pendurada na entrada da Adega da Velha. Cheguei ao botequim nordestino na Rua Paulo Barreto roxo de fome. Senti uma sensível melhora no chopp da Velha, que sempre achei um ponto fraco de lá.
Já eram quase 22 horas e o bar estava mais vazio. Durante a semana o público costuma aparecer após o trabalho, entre as 19h e 21h. Ainda assim achei que tinham menos pessoas do que o comum. Apenas um grupo em uma mesa mais distante, falando alto.
Logo chegaram mais dois outros botafoguenses que se juntaram ao Seu Chico, junto ao balcão, para assistir ao jogo que se iniciava. Um deles, tal de Abreu, tomava com vontade um comprido e bem cheio copo de uísque, com poucas pedras de gelo a boiar.
Carne de sol com farofa e aipim
Silvia e eu pedimos logo uma carne de sol com farofa e aipim (R$ 20,00). Não teve erro, a carne estava macia como sempre. Aipim, ou macaxeira frita, é algo que eu me dou o direito de comer poucas vezes, entre elas quando vou à Adega da Velha, pois acho a porção de lá gostosa.
Esvaziei a bandeja com o petisco num piscar de olhos. Certo momento nós escutamos uma forte badalada. Era o Seu Chico socando uns sinos presos ao teto do bar, num momento de tensão da partida. Não sei quem fez gol antes de quem, a gritaria estava forte, ficou louco o tal de Abreu, só sei que no final deu empate. “Tá bom!”. Alguém falou resignado.
Nós estávamos mais ocupados com nossa conversa e os nossos chopes que naquela noite caiam razoavelmente bem. Sou flamenguista e não tenho nada com aquilo. Meus dramas são outros.
Um vendedor se aproximou, deixando um papelzinho com alguns amendoins sobre a mesa. Virei para ele e disse: “Meu amigo, você não vai acreditar o quanto de amendoim eu já comi hoje. Peço perdão, mas não põe nada ai na mesa não que vai me dar enjôo só de olhar”. Eu ainda tinha um resto de fome, mas não de amendoim. O rapaz saiu cabisbaixo com sua sacola cheia de cones, sumindo rapidamente na esquina da Rua Voluntários da Pátria.
Fechando a Adega da Velha
Distraído com o papo, acabei por me esquecer de pedir outro petisco. Quando me atentei já não dava mais tempo, a cozinha tinha fechado. Corri para pedir uma saideira e apesar da já iniciada lavagem do senhor botequim, o garçom gente boa nos fez a gentileza de trazer uma ultima rodada. Só para fechar o assunto.
Não deu muito mais para esticar prosa, pois a espuma e a água já alcançavam nossos pés. Com goles rápidos finalizamos o chope e pagamos a conta. Chico já se escondia lá atrás do balcão e o tal do Abreu tinha ido há tempos.
Adega da Velha
Endereço: Rua Paulo Barreto, 25 – lojas A e B, Botafogo, Rio de Janeiro – RJ.
Horário: diariamente das 08h às 00h.
Contatos: (21) 2286-2176
Para saber mais:
instagram.com/adegadavelha
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