O que eu gostei no Frangó, de cara, foi da praça onde ele se encontra. São Paulo por vezes nos revela estes recantos escondidos entre o gigantesco cinzento. Assim é o Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, no bairro da Freguesia do Ó.
Um lugarejo protegido, longe de parecer parte de uma megalópole. Ali a vida segue como numa cidade de interior. Que lugar gostoso de estar! A experiência de ir ao famoso bar já ganha este contorno bacana.
Acrescento também o lindo exemplar do século XIX onde o Frangó está instalado. Olha que uma casa centenária é coisa cada dia rara em Sampa.
Labirinto cervejeiro
Como faço em muitos casos, resolvi conhecer o bar sem muito ler sobre ele. Com a única informação de que seria uma espécie de Meca cervejeira. Bom, isso é fácil de constatar logo que entramos por lá. Por onde se olha vê-se cervejas e chopeiras. Um desespero.
Surpresa foi dar conta de que o pequenino casebre que se vê da rua causa a falsa impressão de que o ambiente do bar é diminuto. Pensei que o negócio se passava ali mesmo na calçada, onde infelizmente não havia lugar para sentar. Ficar de frente ao Largo é, sem dúvida, um programa muito legal, ou na primeira salinha, apenas com algumas mesas.
Mas não, o Frangó é um verdadeiro labirinto cervejeiro. Conforme descemos as escadas para dentro do estabelecimento, damos com outro e depois outro salão. É uma coisa enorme. Por onde se olha vê-se cervejas e chopeiras. O desespero aumenta.
Abri o cardápio, tanta coisa ali no menu que realmente ficamos sem saber o que beber. São centenas de rótulos entre artesanais brasileiros e cervejas estrangeiras.
Quando a cabeça fica confusa é melhor se manter em território conhecido. Decidi, assim, descartar novas experimentações e me mantive em velhas e boas marcas que eu adoro. É o caso da larger Holandesa Grolsh, que desapareceu do mercado carioca e havia tempos eu não bebia, e a australiana Coopers Sparkling Ale. Essa eu descobri não faz muito tempo e desde então nunca mais larguei.
A cultura da coxinha de frango
Meio na inocência, eu e Silvia solicitamos de entrada uma coxinha de frango em sua versão grande (por R$ 4,60). Digo inocência porque até então não sabia da fama de tal iguaria.
Antes de minha vinda para São Paulo eu considerava injustamente a coxinha como um petisco menor. Tinha como referência apenas aqueles salgadinhos de festa de firma, horrendos, moles e massudos, que só servem mesmo para inutilmente encher a pança.
Não existe cultura da coxinha de frango no Rio. Ela se limita ao descaso de coxinhas oleosas nos botequins pés-sujos da cidade.
Olha que eu amo pé-sujo, mas mesmos nesses, as atenções estão mais voltadas sempre aos salgados prediletos dos cariocas. Como o exemplo do bolinhos de bacalhau, bolinho de carne seca com catupiry, entre outros.
Mas em São Paulo o negócio é diferente. Por aqui as coxinhas têm um lugar de destaque no cardápio de diversos bares da capital.
Estou a falar tudo isso porque aquela noite no Frangó mudou a minha vida e derrubou por terra o preconceito e trauma que eu tinha com as coxinhas.
Chegaram à dupla de bichinhas, no seu formato característico. Meu amigo dispensou esse início de conversa, apegado ao caldinho de feijão. Por sinal estava delicioso principalmente pela bela companhia de dois enormes torresmos. Mas logo ele se arrependeu.
A coxinha de frango do Frangó: um espetáculo
Bastou-me dar uma mordida na coxinha para ver que não se tratava de uma mera coxinha, não aquelas que eu tinha em mente.
É crocante por fora, com um recheio espetacularmente bem balanceado entre a carne de frango desfiada, a massa e o catupiry. A massa não é muito forte, nem pesa no paladar. O petisco é simplesmente fantástico!
Tão bom que após todo mundo provar, ficou imediatamente decidido que era necessária uma nova leva, uma porção da versão miniatura (10 unidades a R$ 25,00) para aplacar o desejo que surgiu louco, após aquele momento.
Não preciso dizer que foi a melhor coxinha que eu comi na vida (até a presente data de publicação deste texto. Claro que no futuro isso pode mudar…).
Pois bem, logo depois, investigando a questão, eu vim saber que a servida no Frangó está entre as melhores da cidade. Mas muitos consideram que existem melhores ainda, em casas como o Veloso, na Vila Mariana.
Como eu disse antes, coxinha em São Paulo é um papo muito sério. Não a toa, a Folha de São Paulo publicou na capa do seu Guia do dia 10 de fevereiro de 2012 um especial com as 20 coxinhas mais famosas da metrópole.
Deixo a revista pendurada na parede do meu escritório e desde então o tema coxinha se tornou uma obsessão em minha vida. Quem poderia imaginar! Não sossego enquanto não provar todas as ali citadas.
O frango é a estrela do cardápio
Faz todo o sentido o nome Frangó. Não só pelas coxinhas de galinha, mas porque o cardápio da casa tem como o prato principal o frango. Ele é preparado numa grelha enorme e servido cortado em pedaços (a porção de R$ 45,00 alimentou os dois casais).
É claro que partimos para essa travessa, logo após a seção de salgados deliciosa. Como não poderia deixar de ser, o prato principal também estava ótimo. Mas no fim das contas a coxinha se sobressaiu tanto, que não havia nada mais a comer que pudesse suplantá-la como assunto principal da noite.
Mesmo a enorme quantidade de cervejas já não era algo assim tão importante em nossa mente. Seguimos a beber, sempre nas marcas já velhas conhecidas e queridas como Guinness, entre outras.
Com tanta cerveja importada, a conta não dá para ser barata. Mas há opções mais em conta e cervejas de garrafa comuns como Original, para os que almejam não ensaiar uma gastança.
Nosso passeio pela Freguesia do Ó valeu muito a pena. Ir ao Frangó e ao Largo Da Matriz De Nossa Senhora Do Ó é um programa imperdível de São Paulo. Minha sugestão é um fim de tarde, sentados nas mesas que dão de frente a praça, uma coxinha de frango e outra, e mais uma…
Frangó
Endereço: Largo Da Matriz De Nossa Senhora Do Ó, 168 – Freguesia do Ó. São Paulo (SP).
Horário: de terça a sábado das 11h à 00h. Domingo das 11h às 19h.
Contato: (11) 3932-4818
Para saber mais:
instagram.com/frangobar
frangobar.com.br
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