Em meio ao bairro de Botafogo, onde pipocam novidades e bares descolados, a Adega da Velha se mantem fiel ao seu estilo boteco raiz, com cardápio de influência nordestina recheado de opções interessantes e diferentes de petiscos.
Bairro de Botafogo em transição
No Rio de Janeiro, o bairro de Botafogo talvez seja a região onde mais brotam novidades no cenário gastronômico. É difícil de acompanhar, porque morando em São Paulo tenho sempre de fazer um exercício de exclusão.
Muitas vezes eu também gosto de voltar aos meus locais sagrados, os botecos e restaurantes onde já me sinto bem e confortável. No caso de Botafogo, a Adega da Velha é um desses destinos. Meu boteco cativo nos tempos em que morei na região. Além de porto seguro para esticar conversa com amigos petiscando ao longo da tarde de sábado.
Bar do Chico
Eu conheci a Adega da Velha como Bar do Chico. Cearense e torcedor fanático do Botafogo, Chico era o dono da Adega da Velha. Comprou o boteco em 1988 e foi responsável por introduzir o longo cardápio de comida nordestina, pelo qual o local ficou famoso.
Atualmente o negócio é tocado pelos mesmos donos do Galeto Sat´s, a família Rabello. Eles sabiamente mantiveram toda a atmosfera do botequim, incluindo a decoração que faz referência à cultura sertaneja do Nordeste, como berrantes, cabaças e sinos de vaca pendurados no teto.
Por outro lado também deram uma pequena enxugada no cardápio, mas preservando a essência, a culinária nordestina, mesclado com a comida botequeira carioca.
Culinária botequeira do Rio de Janeiro
É muito interessante a história desse botequim, pois ele surgiu nos anos 60 como um típico boteco-adega luso-carioca, como muitos outros no Rio de Janeiro. Antes de ser comprado pelo cearense Chico era então tocado por uma senhora portuguesa, daí o nome Adega da Velha.
Curioso o fato de que a trajetória é semelhante ao de outra célebre rede da cidade, o Belmont, que tem origem portuguesa e foi comprado pelo cearense Antônio Rodrigues. Essa fusão de influências, acrescentadas aí pela afro carioca (e em menor grau a galega, francesa e alemã) é que formou em grande parte o que podemos considerar como a culinária botequeira do Rio de Janeiro.
“É tanta coisa no meu que eu não sei o que comer”
O verso de Raul Seixas faz muito sentido quando me deparo com o cardápio da Adega da Velha. As opções “para começar” e “na chapa” são bem interessantes. Por isso resolvi começar citando o que não provei aquele dia, mas não foi por falta de vontade. Na realidade, num grupo o que vale é a decisão do colegiado.
Ficará para outra oportunidade a Língua de boi, Moela, Jiló com Calabresa, Fígado de Boi Acebolado e o Croquete de Pernil. Enfim, não dá para querer tudo nessa vida.
Vegetais na chapa
Para quem acha que boteco é só gordices, a Adega da Velha serve duas opções de legumes chapeados que achei bem maneiro. O Quiabo Crocante e o Jiló acebolado. Bom começar com uma coisa mais leve.
Para compensar essa leveza, no entanto, seguimos com o torresmo. Boteco que se preze tem que tem torresmo bom. E lá você vai arrumar um. O chope Brahma (que sempre foi um critica minha por ali) deu uma boa melhorada e descia que era uma beleza.
Carne de Sol com Aipim
A galera optou por continuar a petiscada com uma boa carne de sol com aipim e ainda encerramos a tarde na carne seca desfiada (charque) que eu acho uma das melhores pedidas de lá. Boa jornada nesse grande boteco carioca.
Mas fica a missão de voltar lá para a 2º temporada de petiscos. Ou quem sabe uma dobradinha, que pelas fotos no Instagram do bar parece uma delícia.
Adega da Velha
Endereço: Rua Paulo Barreto, 25 – lojas A e B, bairro de Botafogo, Rio de Janeiro – RJ.
Horário: diariamente das 08h às 00h.
Contatos: (21) 2286-2176
Para saber mais:
instagram.com/adegadavelha
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