Bar do Luiz Nozoie, um boteco extraordinário

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O balcão d acepipes do Bar do Luiz Nozoie

O Bar do Luiz Nozoie, localizado na região do Bosque da Saúde, em São Paulo é um clássico botequim paulistano famoso por sua grande variedade de petiscos e acepipes de balcão, além de ser um bar verdadeiramente com alma. Para mim, um dos botecos mais extraordinários da cidade.

O balcão repleto de acepipes interessantes

Logo ao entrar no bar, a primeira coisa que chama a atenção é o balcão, repleto de opções tentadoras de petiscos e conservas. Não há um cardápio fixo por ali e as opções mudam conforme o dia. Até porque muitos dos ingredientes são frescos e, portanto, dependem da oferta. Mas dei sorte, no entanto, de encontrar alguns itens maravilhosos em minha visita por lá.

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O balcão com as diversas opções interessantes de acepipes é um dos destaques do bar
Rollmops

De cara comecei com o Rollmops (R$ 7,00 a un.). Esse é um petisco tradicional de botecos mais antigos. Já citei ele no texto que escrevi sobre o A Juriti, outro clássico bar de São Paulo.

O Rollmops é uma conserva de peixe que tem origem no Norte da Europa. Por lá costuma ser preparada com Arenque, um peixe muito comum nas águas do Mar do Norte.

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O Rollmops do Luiz Nozoie preparado com sardinha

Essa iguaria foi trazia ao Brasil pelos imigrantes alemãs e aqui começou a ser feita com sardinha, um pescado mais disponível em nossas águas.

O Rollmops do Bar do Luiz Nozoie é especial. A conserva leva um mês para ficar pronta, então foi sorte encontrá-la por ali. É preparado com a sardinha enrolada em cebola e finalizada com pimenta dedo-de-moça. Uma delícia!

Jiló recheado com vinagrete de cebola e Porção de Polvo

Do balcão ainda resgatei um Jiló recheado com vinagrete de cebola (R$ 10,00 a un.), dica do pessoal da casa. E claro, uma porção de conserva de polvo (R$ 45,00), que geralmente fica no balcão, mas pelo calor que estava fazendo em São Paulo aquele dia, porém, eles optaram por deixar na geladeira.

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Entre os itens do balcão, pedi um ótimo Jiló Recheado com vinagrete de cebola

O polvo eu já havia provado anteriormente em outra passagem minha por lá. Macio e saboroso, é uma das tradições marítimas do local.

A tradição marítima do Bar do Luiz Nozoie

Uma das coisas que tornam este bar ainda mais especial é sua história ligada à pesca. Seu Luiz Nozoie, fundador do boteco, era um apaixonado por pesca em alto-mar e trazia seus pescados frescos para servir no local.

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O polvo em conserva, uma das tradições do boteco, que tem uma pegada marítima

Assim, o Bar do Luiz Nozoie sempre ofereceu opções de frutos do mar frescos, muito antes dos atuais bares focados em mar se popularizarem em São Paulo. Hoje, seus filhos e netos mantêm essa tradição, trazendo peixes e frutos do mar direto da pesca familiar.

Entre os destaques do cardápio, às vezes você encontra opções como espetinho de peixe-espada. Infelizmente, não estava disponível no dia. Mas aproveitei bem o polvo e camarão.

Espetinho de camarão

Eis aí algo que me remete a infância, pois cresci comendo espetinhos de camarão na praia. No Rio de Janeiro a gente brincava que não era nem necessário os vendedores de espetinho cozinharem o camarão na panela, já que só por andar o dia inteiro no calor escaldante os camarões cozinhavam no próprio sol.

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Da cozinha solicitei o delicioso espetinho de camarão e o bolinho de bacalhau

Eu sempre gostei de espetinhos com camarõzinhos pequenos, desses que a gente come com a casca e tudo. Como é afinal o caso ali no Luiz Nozoie. Não me lembro de comer espetinho de camarão em São Paulo, ao menos não tão saboroso, como no bar do Bosque da Saúde. Foi um enorme prazer saborear aquele espetinho de camarão (R$ 9,00 a un.).

Bolinhos

Junto com o espetinho também pedi uma unidade do bolinho de bacalhau (R$ 8,00 a un.) da casa, que por ali é feito no formato charutinho. Achei bem gostoso, com bastante bacalhau.

O Bar do Luiz também é conhecido por seus salgadinhos. Talvez o mais famoso seja o Bolinho de Milho com recheio de queijo, que embora não tivesse nessa minha última visita, tive a sorte de provar em uma passagem anterior pelo boteco.

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O ótimo bolinho de milho é servido as quintas-feiras, mas acaba rápido

O pessoal me revelou que eles fazem o bolinho de Minho às quintas-feiras, mas sempre acaba muito rápido, pois a procura é grande.

Esse é um ponto que vale frisar. Chegando por lá, se virem algo que querem pedir, não enrolem, pois os itens acabam rápido. Naquele dia mesmo reparei como, por exemplo, o Rollmops acabou num piscar de olhos, nem me dando a oportunidade de um repeteco.

Camarão VG

Do pequeno ao grandão. Após o espetinho de camarão pequeno, resolvi seguir com o camarão VG, que eu estava assim paquerando no balcão desde que aportei ao boteco. Não é barato, a unidade saiu 60 contos, mas de vez em quando a gente deve nos dar um agrado como esse.

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Camarão VG para fechar a jornada de comilança

Curti meu luxo com calma, ao lado de uma cerveja gelada, enquanto observava o movimento crescente do boteco, naquela tarde de sábado.

Logo na entrada há uma espécie de área dos clientes habituês, que espremem as suas barrigas no cotovelo do balcão e conversam alegremente por ali. São as particularidades fascinantes dos botecos raiz.

Kimchi

Fechei minha petiscada com uma porção de kimchi (R$ 15,00). Um lance legal dos botecos paulistanos é esse mix de influências.

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Kimchi de acelga, uma tradição coreana num boteco de alma japonesa

O Bar do Luiz Nozoie tem alma japonesa, mas nesse caso também trouxeram ao bar uma tradição Coreana, que é, assim como o Japão, uma cultura muito presente em São Paulo pelo grande número de imigrantes e descendentes. Essa é uma das coisas que mais amo na capital paulista, sua diversidade cultural, que se reflete em seus botecos.

O Kimchi é talvez a receita mais emblemática da gastronomia coreana. Uma conserva de legumes fermentados e muito picantes. Pode ser feita com diversos tipos de leguminosas, mas o mais comum é o kimchi de acelga. Eu descobri essa maravilha quando me mudei para São Paulo e sou completamente louco pelo troço.

Botequim Familiar

O Bar do Luiz Nozoie é um autêntico boteco raiz, fundado em 1962 por Seu Luiz Nozoie, filho de japoneses. Um fato pitoresco é que inicialmente o local era uma sorveteria, mas com o tempo, foi se transformando em um bar. Até hoje, a antiga máquina de sorvete é usada para gelar cervejas, um detalhe curioso que reforça minha admiração pelo lugar.

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A velha máquina de sorvete ainda é usada para gelar cervejas quando o movimento do bar é forte

Infelizmente, Seu Luiz faleceu em março de 2024, mas seus filhos e netos continuam mantendo o bar com o mesmo carinho e dedicação.

Um boteco autêntico

Esse é o tipo do bar impossível de ser replicado, pois carrega uma identidade própria e autêntica. É quase como um organismo vivo. Então, se você está buscando, por exemplo, um bar do estilo desses de rede, com aquele atendimento padronizado de rede, O Bar do Luiz Nozoie não é o seu lugar.

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Os cartazes atrás do balcão com a indicação dos petiscos do dia e seus valores

Ele é, pois, para quem curte um boteco raiz de verdade, com suas próprias características e particularidades. Sendo assim, chegue devagarzinho, se apresente para o pessoal, bata um papo, pergunta o que recomendam para comer e toma uma cerveja.

Enfim, o negócio é ir curtindo o clima, sem pressa e pressão. Ali o atendimento é familiar e as vezes até o lugar pode estar cheio, mas as pessoas vão se arrumando sem estresse. Pede as coisas no balcão, abre sua conta e deixe o negócio fluir.

Sem dúvida para mim é um dos mais extraordinários botecos raiz de São Paulo.

Os preços destacados são da data de publicação do texto, em fevereiro de 2025.

Endereço: Av. do Cursino, 1210 – Bosque da Saúde, São Paulo (SP)
Horário: Segunda a Sexta das 17h30 às 22h. Sábado das 12h às 17h
Contato: (11) 5061-4554

Para saber mais:
instagram.com/bardoluiznozoie

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Encontre outras dicas de bares e restaurantes em São Paulo em: comer e beber em Sampa

 

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