Bar Rebouças, um célebre boteco do Jardim Botânico

Pequeno e singelo bar no meio do burburinho da Rua Maria Angélica, o Bar Rebouças é um sobrevivente em boa parte porque passou do estágio de despercebido para se tornar pop e cult.

É compreensível o fato, já que é cada dia mais raro de se encontrar um boteco legítimo em alguns bairros da Zona Sul da cidade.  Os que existem, portanto, são cada dia mais cultuados.

Bar Rebouças, no Jardim Botânico
Iniciamos nossa jornada como manda a tradição botequeira carioca: cerveja no balcão

O Rebouças passou a ser frequentado por um público jovem e mais descolado, do bairro e de outras regiões, e não só pela clientela típica de boteco. Outro fato relevante em sua sobrevivência é o de ser um lugar ainda barato. Isso na terra de preços altos e bares pé-limpos moderninhos.

Não é só isso que explica o sucesso deste pequeno espaço. Ele conta com um garçom, não qualquer garçom, mas sim o Jorginho, uma figura queridíssima que se tornou um dos mais conhecidos do Rio. Também faz o papel de relações públicas da casa e é amigo de toda a galera.

O quadro indica algum dos salgados servidos no dia: um boteco legítimo na Zona Sul
Alma portuguesa

De outra parte, o cardápio carrega a herança e o sotaque português do casal comandante da nau. A Gertrude e o Alberto da Conceição.

Eles são os responsáveis pelas iguarias e o tempero bem acertado do pernil. Da mini cozinha também saem os famosos bolinhos de camarão com catupiry e algumas outras especialidades como coxinha de galinha.

A porção de pernil estava muito bem temperada

Mas não é aquela massaroca de frango desfiado pontuda que se vê por aí e sim a própria coxinha do frango, com osso, creme e tudo, empanada! Maravilha. Não é um lugar especial? Sim. Por tudo isso, o Rebouças se tornou uma referência quando se fala em boteco orgânico na cidade.

O relato é de uma passagem minha com meu amigo Guguta por lá. Começamos com um papo no balcão, a olhar o movimento e relaxando com o buzinaço da Rua Jardim Botânico. Não é um lugar silencioso, longe disso. Os clientes falam alto, o motor dos carros, e dos ônibus, falam alto. Então nós também temos de falar alto.

O grande destaque são os bolinhos de camarão com catupiry – já bem famosos
Boteco autêntico

Atrás do balcão, as coisas de boteco. Bebidas, cigarros, isqueiros para venda, a máquina de cafezinho prateada, um velho micro-system e uma televisão de poucas polegadas dependurada na parede de azulejos.

A cerveja não foge da tradição botequeira. É servida estupidamente gelada. Por ali, já de olho na frequência mais ampla, se pode provar marcas variadas da bebida. Como a cerveja Therezópolis que solicitamos em perfeito véu.

Estilo de boteco: bebida, cigarros a venda, um velho micro-system

As mesas e lugares improvisados na calçada, alguns feitos de um barril de chopp com banquinhos, são disputadíssimos certa hora da noite.

Não há uma fila de espera, tudo ali segue a regra básica de botecos cariocas. Se você conhece os donos da casa, se você conhece alguém que está por ali, se você é assíduo…

O chão e as paredes de azulejos e os bancos fixos junto ao balcão

Ou, a mais clássica: se você é bom de lábia. Puxa dali, dá uma de esperto e encosta a bunda num barril no cantinho. Depois abre espaço para a namorada, o cachorro, o amigo do cachorro e a amiga da namorada. Quem dá mole fica em pé.

Acabamos por arrumar um canto para sentar, apesar de minha preferência em sempre beber no balcão, em pé (uma tradição carioca que eu admiro). Mas fui convencido por meu amigo e pela Silvia, que chegou um pouco depois de nós. Ainda no balcão dividimos uma porção de pernil, que como disse antes é muito bem temperado.

Eu particularmente fiquei fascinado com as coxinhas verdadeiras de frango
Bolinhos de camarão com catupiry

Já na mesa partimos para os famosos bolinhos de camarão com catupiry. O que mais gostei na iguaria foi o tamanho: eles são bem diminutos o que faz com que não contenham um exagero de catupiry e o camarão ganhe bastante destaque no sabor.

Eu diria que o petisco se assemelha mais com uma unha de camarão (semelhante à unha de caranguejo) do que um bolinho. Eu achei muito bom, sequinho e bem frito.

O pequeno espaço não comporta o público que se espalha do lado de fora

O ambiente bastante descontraído, o falar alto e as cervejas na cabeça a nos contagiar. Assim nos pegamos dominados pelo boteco, a varar as horas da meia noite.

Nossa sorte, como a sorte de todo botequeiro, é que o boteco fecha. Bom, fica aí esta recordação e dica para os que querem conhecer um pouco do mundo dos botecos do Rio.

Bar Rebouças

Endereço: Rua Maria Angélica, 197, loja 2 – Jardim Botânico. Rio de Janeiro (RJ).
Horário: de segunda a quinta das 7h às 01h. Sexta e sábado das 7h às 2h.
Contato: (21) 2286-3212

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Encontre outras dicas de bares e restaurantes no Rio de Janeiro em: comer e beber no Rio

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