Cinema, blogs e botequins no Cine Botequim

Um papo com Juarez Becoza no Cine Botequim, sobre botecos, boemia, novas midias e cultura carioca.

Cá estava eu a escrever no blog quando recebo um comentário inusitado. Era o grande Juarez Becoza elogiando o Diários Gastronômicos. Já perdi de vista o tempo em que sou leitor assíduo de sua coluna Pé Sujo, no Rio Show, do jornal O Globo – de recortar, guardar e colecionar.

Depois passei a ler seus textos no Globo On Line.  Imaginem! Para mim foi uma honra. Foi através dele que descobri muitos botecos e botequins fantásticos do Rio de Janeiro, até alguns que passavam despercebidos debaixo do meu nariz. O Becoza virou uma referência importante da tradição dos botequins cariocas, um assunto que eu tenho verdadeiro fascínio.

Cine Botequim
O Cine Botequim fica num sobrado histórico

Pois bem, Juarez me propôs um encontro para discutirmos justamente questões relativas aos botecos da cidade, novas mídias e outros tantos assuntos. Aceitei a proposta imediatamente, deixando a cargo dele a escolha do local, ou escritório.

Cine Botequim

Sugeriu ele o Cine Botequim no Centro, que não tem muito tempo foi pauta da coluna Pé Sujo. Conhecer ao mesmo tempo um bar novo e um dos meus colunistas prediletos era demais! Aproveitei tinha que resolver umas coisas na Cidade e parti mais cedo. Tarefas realizadas, eu me dei o direito a uma caminhada sem compromisso cortando as antigas ruas da região entre a Cinelândia até a área do Convento de São Bento.

Cine Botequim
Misto de cinema com com clima de botequim

Cheguei um pouco mais cedo ao Cine Botequim, pois o Juarez já tinha estado lá, eu não. Queria analisar com calma o lugar, olhar o cardápio, sentir o clima. Antes, porém, rodei um pouco as ruas em volta e fiquei impressionado com o número de empreendimentos pipocando por ali, sinal dos novos tempos e da tendência de renovação da Praça Mauá. Aquilo lá vai mudar bastante.

Por enquanto, as ruas ainda sustentam prédios abandonados e sobrados decadentes, insistindo numa paisagem que ninguém sabe como ficará. O Cine Botequim fica num belo sobrado e parece ter nascido indicando uma tendência do que pode acontecer por ali. É um bar moderno, com uma proposta bastante interessante. Um botequim com cinema!

Cine Botequim
Pastel de massa caseira recheada com pernil
Bares com novas propostas

Mais para o depois na noite, Juarez comentava justamente sobre o fenômeno de aparecimento de bares diferentes, com personalidade, e do crescente interesse de empreendedores de classe média por este mercado. De fato, de uns tempos para cá, têm surgido muitas casas legais pela cidade,  que vão além daquela imitação fake e pasteurizada de botequim que se multiplicou nos últimos anos.

Sentei numa mesa ao lado do balcão, a casa ainda estava relativamente vazia, mas um crescente movimento indicava que aquele não se tratava de um dia comum. Havia duas grandes mesas reservadas e tudo levava a crer que algo iria rolar por ali. Fui atendido prontamente, e pedi uma Heineken assim que a vi entre as tantas cervejas do cardápio (cerca de quinze marcas).

Tudo no ambiente remete a cinema: cartazes de filmes espalhados pela parede, uma velha câmera na estante. Os pratos e petiscos têm nome de alguns clássicos da sétima arte.

É o caso de Mulheres a Beira de Um Ataque de Nervos (R$ 24,00): linguiça enrolada na frigideira recheada com mussarela de búfala, acebolada e com rodelas de pimentão. Ou entradas como Central do Brasil (R$ 3,50): Pastel de massa caseira recheada com pernil, cebola roxa e lascas de queijo coalho.

Cine Botequim
Bolinho 8½ (R$ 8,50), um tipo de sonho com recheio de camarão

Os drinques também ganham nome de filmes: Amores Brutos (R$ 12,50) é a tradicional Marguerita. Já o Blod Mary, lá é tratado como Quanto Mais Quente Melhor (R$ 12,50).

Passaram-se cinco minutos enquanto degustava a cerveja (geladinha) quando Juarez ligou dizendo que se atrasaria um pouco. Foi então que na parede ao fundo do ambiente, começou uma sessão. Edifício Master (documentário que curiosamente eu não tinha visto).

Central do Brasil

Sentado ali em meu canto, numa cadeira de cinema (sim, até isso eles arrumaram) relaxei e comecei a assistir a película, no aguardo do Becoza. Resolvi pedir um pastel (o Central do Brasil) para enganar uma fome que já se insinuava. Muito bom o petisco. A massa é bem distinta das comumente servidas no Rio e o recheio também estava gostoso.

Cine Botequim
Documentário Devotos da Cachaça no telão

Distraído com o filme nem reparei o tempo passar. Na verdade a ideia ali não é exatamente a de se assistir uma sessão como no cinema, até porque chega a um ponto que é praticamente impossível escutar o áudio no meio de tanto burburinho. Mas sem o burburinho não seria botequim, afinal. A sessão é quase como mais um petisco. É interessante beber uma cerveja e ficar de vez em quando espiando a tela. Ainda mais enquanto se espera.

Eu  já estava a pedir a terceira garrafa de Heineken quando um homem alto e barbudo cruza o salão e aponta para mim. “André?” Perguntou. Era finalmente o Juarez, todo suado, com cara de quem precisava de um copo de cerveja. Neste ponto a casa já estava lotada.

Documentário sobre cachaça

Meu companheiro de profissão me revelou que haveria um lançamento de um documentário sobre cachaça aquela noite. Uma boa oportunidade de tomar uma pinga. Deixei o Edifício Master e engatamos na conversa sobre bares, blogs etc. O papo estava animado, mas não era exatamente a ocasião que imaginamos para trocar uma ideia.

O murmurinho era grande e nós havíamos planejado um encontro em um lugar mais calmo. Tudo bem, o clima tava divertido. Certo ponto da noite eis que me surge também o Romildo, figura por mim muito querida, que considero como um tio, e grande referência em minha vida. Tinha ido lá para o lançamento. Convidei-o para juntar-se a nós na mesa, e assim se fez.

O papo rolou pelos mais diversos temas incluindo a cachaça, como não poderia deixar de ser. Dividi com Juarez um bolinho 8½ (R$ 8,50), um tipo de sonho com recheio de camarão. Particularmente eu não curti muito.

Cine Botequim
As referências ao cinema estão até nos banheiros

Pouco mais tarde começou o lançamento do documentário Devotos da Cachaça, produzido por Lenir Costa e com direção do jornalista Dirley Fernandes. Tentamos nos concentrar na sessão, mas o burburinho tornava a missão de escutar bastante difícil. Romildo se manteve fiel a tarefa.

Degustando cachaças

Eu e Becoza certa hora nos concentramos mais uma vez no assunto que nos levou até lá aquela noite, blogs e botequins. Os produtores do Devotos da Cachaça fizeram a alegria do público ao deixarem diversas marcas da bebida disponível para prova.

É claro que não perdi a oportunidade e, seguindo a recomendação do Juarez, fui na Vale Verde – mais encorpada – e Âmbar, que Becoza definiu como “de mulherzinha”. Tenho de confessar, eu gostei mais da de mulherzinha.

Depois de tanta Heineken e provas de cachaça eu já começava a enxergar dois telões no fundo. Para equilibrar as coisas pedimos uma porção de Estômago: Lascas de filé mignon frito na manteiga com alecrim e cebola roxa na chapa. O cardápio indica que o prato contém 500 gramas de filé. É uma grande porção de uma carne sem segredos. Boa para tira gosto, mas nada de espetacular.

Após o fim da sessão, comprei um DVD para assistir ao documentário com mais calma, em casa. Foi uma noite realmente fantástica na companhia de Juarez e Romildo. O Cine Botequim se revelou um lugar bem interessante, no qual pretendo logo voltar. Retornei para casa com a promessa de um novo encontro com o Becoza, dessa vez em um lugar e oportunidade mais calma. Estou no aguardo.

Cine Botequim

Endereço: Rua Conselheiro Saraiva, 39 – Centro. Rio de Janeiro / RJ.
Horário: segunda das 12h às 15h. Terça à sexta das 12h às 22h.
Contato: (21) 2253-1414

Para saber mais: 
instagram.com/cinebotequim

Gostou da dica? Então quando der um pulo lá não deixe de falar pra gente como foi a experiência no Instagram do Diários Gastronômicos ou aqui no blog.

Encontre outras dicas de bares e restaurantes no Rio de Janeiro em: comer e beber no Rio

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editor do site Diários Gastronômicos

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0 Comments on “Cinema, blogs e botequins no Cine Botequim”

  1. concordo com vc o cine realmente e fantastico e ocardapio de extrema qualidade , mas um detalhe que pra mim e fundamental em uma casa e o cine da de dez e o atendimento com uma equipe impecavel.
    abços

  2. André, legal o seu texto, mas acho que vc deu azar no dia, pois o 8 1/2 é uma dos melhores petisco do mundo. Talvez a cozinheira tenha errado a mão no dia!!! rsrsrs… Beijos, Danielle

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