BAR PERMANENTEMENTE FECHADO. TEXTO MANTIDO COMO MEMÓRIA GASTRONOMICA CARIOCA. O BAR LUIZ FOI UM BOTEQUIM HISTÓRICO DO RIO DE JANEIRO, FAMOSO POR SUA COMIDA ALEMÃ E O PRIMEIRO A SERVIR CHOPE NA CIDADE.
Número 39, Rua da Carioca. Um endereço difícil de esquecer. Lá está o Bar Luiz, um dos mais tradicionais restaurantes do Rio.
Dá para ver o salão de cor verde, iluminado por luzes frias, ainda no agito da passagem, no meio do povo que sobe e desce a Carioca.
A entrada continua igual, em madeira, na cor preta. As portas só não ficam mais abertas pois a casa ganhou ar-condicionado. Uma das melhores coisas que aconteceram ao local em seus 125 anos de história.
Vira e mexe este bar centenário é pauta de algum texto meu aqui no Diários Gastronômicos. Assim será enquanto eu tiver condições físicas de lá voltar. Na última oportunidade fui acompanhado de meus irmãos Rapha e Tavo. O que mais poderia querer: matei três saudades ao mesmo tempo.
Há muita coisa de que gosto naquele cardápio, a começar pelo delicioso bolo de carne de entrada, crocante por fora e com recheio macio de carne mal passada. Ou o joelho de porco cozido, que pode ser tanto prato principal como ótimo aperitivo para um grupo de devoradores profissionais.
Naquele dia em questão, no entanto, eu já tinha premeditado tudo. Havia algumas semanas vinha obcecado com a língua de boi defumada servida por lá.
Minha intenção era mesmo fazer uma passagem ligeira pelo Bar Luiz, um ponto de encontro com os irmãos, abastecimento e pés à via!
Cultura gastronômica
Era uma sexta-feira e como geralmente ocorre quando vou ao Rio, me estico pelas ruas desesperado para compensar a falta que tanto lugar de lá me faz. Principalmente dos botequins, de sua cultura gastronômica e das gentes que habitam esses espaços tão peculiares e especiais da cidade.
Eusébio, querido garçom, é um dos poucos veteranos de uma geração antiga da equipe da casa. Hoje há muitos rostos novos. Não fiquei na mesa de Eusébio, mas fui muito bem atendido, como de costume. Rapha chegou antes de mim e o Tavo não tardou. Pedi a língua, nem cardápio olhei.
As finas fatias logo foram trazidas à mesa. Não tem que inventar muita coisa não, o negócio é simples. Um pouco de azeite e mostarda escura para acompanhar. Mais um gole de chopp. Ah! “Agora a vida pode continuar”, falei em voz alta.
Perguntei para o garçom quem fornecia: “Alemão da Serra”, disse ele, se referindo a Casa do Alemão. Tá explicado porque é tão bom.
Ficamos no Bar Luiz pelo tempo em que duraram as fatias no prato. Uma rodada de saideira, para não quebrar a tradição, e estávamos na rua novamente.
Protegidos dos raios da lua pelas árvores da Carioca, caminhando entre títulos e subtítulos, entre fotografias, em direção a futuros textos. Praça Tiradentes, Lapa, quem sabe Santa Teresa.
BAR PERMANENTEMENTE FECHADO. TEXTO MANTIDO COMO MEMÓRIA GASTRONOMICA CARIOCA.
Bar Luiz
Endereço: Rua da Carioca, 39, Centro. Rio de Janeiro / RJ.
Quer lembrar de outros tantos bares e restaurantes que fecharam as portas no Rio de Janeiro e São Paulo, acesse a nossa página: memória
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Frequento o ‘Bar Luiz’ desde o finalzinho dos anos 80, quando era estudante do CPII do Centro e meu pai tinha escritório (advogado) na av.Rio Branco. Saía do colégio, encontrava o velho e íamos até o restaurante almoçar.
Sou LOUCO pelo salsichão com salada de batata até hoje! Olha que rodei a Alemanha e, por ser a comida mais ‘baratinha’ por lá (uns 10, 11 euros- dependendo do lugar), NÃO ACHEI UM TÃO GOSTOSO quanto o do Bar Luiz! É sério…
Oi Alex,
Realmente a salsicha do Bar Luiz é de respeito. Gosto bastante.Gosto do bar de maneira geral. Bom saber que você acompanha os textos do Diários. Seja bem vindo.
Abraços,
Dé Comber