Restaurante Azumi, o clássico japonês de Copacabana

O RESTAURANTE AZUMI, INFELIZMENTE, ENCERROU AS ATIVIDADES EM 2023. ERA O MELHOR JAPONÊS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO E DEIXOU UMA LEGIÃO DE FÃES, COMO EU.

Sentamos no balcão do primeiro andar do Restaurante Azumi, pois a parte de grelhados estava lotada. Foi quando conhecemos nosso vizinho, Paulo, figura gente boa que pelos pedidos me chamou a atenção.

“Vinte anos de Azumi” me disse enquanto degustava um enrolado de algas com salmão. Paulo não precisa de cardápio. Na verdade aquela era primeira ocasião que Silvia e eu olhávamos o cardápio do restaurante. Mais por curiosidade e por nos sentirmos órfãos do Jacky nos primeiros dez minutos iniciais de nossa noite de sábado.

Restaurante Azumi
As Ovas de Ouriço: maravilhoso creme que derrete na boca

O luto passou, estávamos de volta ao Azumi e logo entramos no clima, na fantástica viagem gastronômica para qual não é necessário ler o menu. Deixe ir acontecendo, olhe para a pessoa ao seu lado, veja o que ela está comendo ou peça uma indicação para o sushiman.

A comida vem de surpresa, um deleite, cada prato melhor do que o outro. E eu naquele catártico momento, esqueci de anotar os nomes todos. Que importa! Fale “Aquele peixe que tem uma cor avermelhada com uma folhinha por cima”. De alguma maneira o pessoal da casa vai entender.

Restaurante Azumi
A Sopa de Vôngole com saque
Restaurante Azumi, muito além do óbvio

Sushis, sashimis e tempuras são uma pequena parte do mundo gastronômico japonês e a maioria dos restaurantes da cidade e das pessoas que os frequentam se limitam a explorar apenas esta pequena parcela. Assim seguiu nos revelando Alissia enquanto pedíamos os primeiros pratos da noite, Umeboshi, Sopa de Vôngole e Ovas de Ouriço.

O Restaurante Azumi vai além, está num patamar acima dos outros. E mesmo no bê-á-bá do sashimi, a qualidade do peixe servido na casa de Copacabana é admirável. Por tudo isso você pagará um preço acima da média, mas no final da noite nem se importará. Afinal, paga-se bem por uma experiência inesquecível.

Paulo comia um prato que não me recordo o nome, sashimi de xerelete com sashimi de peixe Serra. Segui a indicação dele. Que delicia! “Não mergulha no shoyu se não estraga o sabor”. Sugeriu-me. Fica a critério de cada um, sem shoyu dá para sentir mais o sabor do peixe, mas com shoyu tudo sempre fica gostoso.

Umeboshi – um empanado de peixe branco, com tempero de conserva de ameixa japonesa (Umeboshi) e enrolado a uma folha Momiji típica daquele país – já é um prato conhecido nosso e preferido da Silvia.

Restaurante Azumi
Para fechar, uma duplinha de ovas de salmão
Velhos clientes não precisam de cardápido

Paulo me mostrou uma foto em seu celular. Ele também tem a mania, como eu, de tirar fotografias de tudo o que come. No caso, uma espécie de sashimi de cavaquinha viva. Eu tinha ouvido falar disso uma vez, mas achei que só fosse encontrar mesmo no Japão.

Trata-se de uma técnica em que o crustáceo é servido vivo. Cortam-lhe um nervo da cabeça, arrancam-lhe a carapaça e jogam um molho de saquê sobre a carne crua, extremamente fresca, pois o animal está vivo enquanto o devoramos. Mais um desses pratos sazonais do Azumi, para a clientela antiga. Silvia mesmo disse-me uma vez ter comido gafanhotos grelhados. Nunca consegui provar a iguaria.

Reparei a oferta de cavaquinha, não sei se estavam fazendo o tal preparo a que se referiu o Paulo. Talvez eu devesse ter pedido o crustáceo, mas ir ao Azumi é assim, a gente não escolhe nada, os pratos é que nos escolhem.

Ovas de Ouriço e Salmão para fechar

No sábado ainda comemos uma porção de soja verde – na vagem. Como nunca pensei em comer soja assim antes? As Ovas de Ouriço são como um maravilhoso creme que derrete na boca (foi a primeira vez que provei). Para fechar ainda pedi uma duplinha de ovas de salmão. Que coisa fantástica é explodir as ovinhas vermelhas entre os dentes!

A casa até então era quase que um clube fechado, destinado aos aventureiros da gastronomia, para gente que gosta de comer e não apenas se alimentar. Pelo visto uma nova leva de clientes vem descobrindo o restaurante, o que é bom, ainda que dependam do cardápio.

Para nós, que agora saímos do luto, voltará a ser nosso refugio, o recanto das mil maravilhas, uma terapia gastronômica. Viva o Azumi! E que Jacky Ueda siga em paz preparando os seus grelhados e contando suas histórias aonde quer que esteja.

O RESTAURANTE AZUMI, INFELIZMENTE, ENCERROU AS ATIVIDADES EM 2023. ERA O MELHOR JAPONÊS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO E DEIXOU UMA LEGIÃO DE FÃES, COMO EU.

Endereço: Rua Ministro Viveiros de Castro, 127.

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