Eram umas quinze horas de sexta-feira quando cheguei ao Sujinho Restaurante pela primeira vez. As mesas do restaurante ainda estavam cheias de grupos de trabalhadores e engravatados despreocupados, a tomar uma cervejinha.
Achei que a tradição de almoço esticado no dia que antecede o sábado fosse tipicamente carioca. Mas em São Paulo a galera parece levar as várias horas de almoço também muito a sério.
Consegui descolar um lugar na parte interna, com ar-condicionado, como queria. Finalmente em outro clássico paulistano!
O Sujinho, por sua tradição e o extenso horário de funcionamento, lembrou-me um pouco o que o Café Lamas representa (ou representou) para o Rio de Janeiro. As semelhanças param por aí, é claro. Mas cada um tem para a cidade onde está um significado especial.
Ponto tradicional das madrugadas paulistanas
A casa paulistana suscita muitos comentários na internet, alguns a elogiar como fanáticos religiosos a bisteca lá servida. Outros a escrever que não se trata de nada demais, ou que os tempos áureos da casa passaram.
Uma coisa é certa: o lugar tem peso na cultura gastronômica da cidade de São Paulo. Por isso mesmo eu ansiava tanto conhecê-lo.
Tentei ir de coração aberto, sem pré-julgamentos. Bisteca é um troço difícil. A chance de não ser tão boa como se diz é grande, pois a carne tem de ser bem preparada e principalmente bem escolhida para ficar macia. Enfim. Vamos lá.
Antes de tudo o ambiente do lugar me agradou. Tem aquele jeitão de tradicional, cadeiras com estofado de couro, clima um pouco escuro e sem grandes modernidades. Os garçons são experientes, desses fora do padrão jovem treinadinho. Tem mais atitude e alguns tratavam c os clientes pelo nome.
Não poderia deixar de pedir a bisteca, mesmo sabendo que apenas para mim seria um pouco de exagero. Fui nela, empurrado por uma fome intensa que segurei desde manhã cedo. Só não contava que iria amar tanto as entradas…
Uma porção de repolho, outra de cebola, queijo de búfala e cesta de pães franceses. Mesmo a meia, veio bem grande. Deliciosa!
Só aquele início de conversa para mim já valeria o retorno a casa. Afinal, não é nada mal ficar a tomar uma cerveja estupidamente gelada enquanto se belisca aquelas travessas. A cebola (R$ 2,50) e o repolho (R$ 2,50) são bastante suaves e podem servir também como acompanhamento para carne.
A história do Sujinho Restautrante
Ninguém sabe ao certo o ano de inauguração do Sujinho, apenas que o imóvel na Rua da Consolação é do início do século XX. Já muito transformado, é bom deixar claro. Ali já foi uma pizzaria, antes do negócio sujar.
Oficialmente vale mais ou menos a época em que dois portugueses de nome Antonio compraram o ponto e o transformaram em uma casa de carnes nos anos 60.
O lugar foi quase que automaticamente adotado pela galera da televisão. A TV Tupi e a Record ficavam nos arredores e a frequesia incluia muitos artistas que logo puxaram o local para a fama.
Porque o Sujinho tem esse nome?
Também não se sabe ao certo o motivo do nome. Muitos supõem porque era simplesmente um pé-sujo, ou porque os garçons sacudiam panos sujos por cima dos clientes. O apelido pegou.
Fato é que o lugar sempre foi habitado por uma fauna bastaste vasta, até a atualidade por sinal. Principalmente por seu extenso horário de funcionamento (até as 5 da matina) sua comida farta e opções não tão caras.
Por coincidência, em 1984, a casa foi comprada por outra dupla de sócios portugueses, os dois de nome Afonso! Já com a chegada do novo milênio, sofreu uma repaginada e ficou com a cara mais limpa, digamos assim.
No entanto, não perdeu o seu jeitão de tradicional, nem o despojamento. Hoje em dia os sócios abriram uma espécie de anexo ao endereço da Rua da Consolação denominado Hamburgueria do Sujinho – especializada no sanduíche.
A Bisteca do Sujinho
O carro chefe do Sujinho sempre foi a bisteca. As peças são fornecidas duas vezes por dia para o estabelecimento e a saída é grande. O corte de lá é tão famoso que o restaurante afirma servir a melhor bisteca de São Paulo. Será?
Bom, não comi todas de Sampa para saber, mas por experiência própria posso dizer: é boa sim, mas na vida já provei melhores.
Dias após esta minha primeira passada na casa estive novamente no Sujinho, desta vez, acompanhado da Silvia e de meu irmão Tavo. É uma boa oportunidade que tenho de poder relatar minha experiência juntando o que vi e comi nas duas vezes. Na segunda nós dividimos uma bisteca e uma peça de maminha.
O prato mais famoso da casa estava melhor do que da primeira vez. Ou seja, existe um grau de irregularidade no pedido, mas que o manteve num patamar respeitável.
A carne é suculenta, saborosa e mais macia em alguns pontos do que em outros. Já a maminha: estava muito boa! Sim, esta eu posso elogiar sem medo de errar no ponto.
Ficou claro que com as entradas é possível dividir alguns pratos. Enfrentei sozinho, da primeira vez, uma bisteca (R$ 29,58) e ainda pedi uma porção de fritas! Saí de lá quase com os olhos virando, de não conseguir jantar.
Na segunda vez, dividindo duas peças de carne por 3 com entradas e acompanhamento, o negócio fluiu muito bem. Se eu pretendo voltar por lá? Certamente, mas melhor é ir acompanhado de outros carnívoros.
Sujinho Restaurante
Endereço: Rua da Consolação, 2063 – Consolação. São Paulo / SP.
Horário: diariamente das 11h às 04h.
Contatos: (11) 3231-5487.
Para saber mais:
instagram.com/sujinhochurrascaria
sujinho.com.br
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Valeu pela matéria. Boa dica, pena q a bisteca é meio cara pra uma pessoa só. Mas a comida é mto boa, a salada de repolho é show.
Oi Fabrício. Obrigado pelo comentário.
De fato o ideal é dividir a bisteca. Fiz isso outras vezes que estive no sujinho e saiu mais em conta. É muita comida, ainda mais considerando as saladas – que para mim são indispensáveis.
Abraços,
Dé Comber