O Bar do Bode Cheiroso é um tradicional boteco da Tijuca. A despeito de sua importância, confesso que nunca havia lhe dado o valor que merece. Ao menos não por minhas esparsas passagens por lá.
Com meu amigo e sócio da Esquina Filmes Alexandre, resolvi iniciar um processo de retratação meu com o bar tijucano. Isso findará depois que eu conseguir dar cabo a provar alguns dos pratos do dia e os muitos tentadores petiscos do bar. O dia chegará, podem estar certos.
Cardápio do Bar do Bode Cheiroso
Como muitos botecos cariocas, o Bode Cheiroso tem um cardápio de pratos que varia conforme o dia. Mas não há dias fixos para uma receita. Para descobrir o que vai rolar no almoço, é necessário conferir o Instagram da casa, onde o quadro com as opções disponíveis é publicado diariamente. Apenas a Feijoada respeita o calendário tradicional carioca, sendo servida às sextas e aos sábados.
Alguns preparos já são clássicos de lá, como a Rabada Com Agrião, Pernil com Maionese, Bobó de Camarão, Moqueca de Dourado com Pirão, a Alcatra (com diferentes acompanhamentos) e o Arroz de Rabada. Este último era meu sonho conseguir comer. Eu só citei alguns dos pratos, pois há muitas outras receitas da culinária tradicional carioca que valem uma passagem por lá.
Há, também, o cardápio fixo de petiscos que se divide entre sanduíches, salgados (com destaque para as empadas e os croquetes) e pastéis. Além de algumas tentadoras porções, como o caso da Moela, Sardinha, Ragu de Rabada (Junto e Misturado), pernil e torresmo.
O torresmo (a barra de cereal do Bode Cheiroso)
A primeira coisa que fiz ao sentar na mesa do boteco, numa quarta-feira chuvosa no Rio de Janeiro, foi solicitar uma Barra de Cereal ao pessoal da casa. Conhecido popularmente pela galera como Barra de Cereal, trata-se na verdade de uma imponente peça de barriga de porco, ou delicioso torresmo, que é um espetáculo a parte do caleidoscópio astronômico botequinesco do Bode Cheiroso.
Pode vir em barra, cortado em pedaços médios ou ainda em pequenos dadinhos de barriga. É preparado com primazia. Crocante e delicioso. Imperdível para quem ama a arte do preparo de torresmos, como eu.
Quem é ogro e amante do troço, até rola de pedir um por pessoa. Vale para se admirar o grande tarugo por um tempo, antes de se abocanhar o troço. O recomendável aos mais contidos é se dividir uma peça daquela.
É claro que eu comi uma inteira, mastigando com enorme prazer, enquanto intercalava com goles de cerveja gelada (muito gelada, como manda a tradição dos botecos cariocas).
O Pernil no Bode Cheiroso é coisa muito séria
Após cada um devorar um peça de torresmo, achamos que seria muito optar por dois pratos do dia. Naquela quarta-feira, em particular, um dos destaques do quadro de opções era a Costelinha com Feijão Tropeiro. Muito tentador!
Fomos por outro caminho e resolvemos explorar mais o cardápio fixo. Eu queria provar algumas receitas que levavam pernil. A começar pelo pastel. Pastel de Pernil é algo totalmente novo pra mim. Já vi de muita coisa, mas foi o primeiro local, que eu lembre, a servir pernil dentro de um pastel.
De tamanho médio, os pastéis do Bode Cheiroso são muito bem recheados. Não foi diferente com o de pernil. É praticamente uma placa de carne coberta pela massa de pastel. Fiquei impressionado pela qualidade da carne de porco. Muito saborosa, não muito ressecada, desmanchando na boca.
Na hora citei ao meu amigo que o sanduíche de pernil de lá deve ser excelente. Não deu para traçar dessa vez, mas o pastel me encantou.
E o Porquinho Bodeou!
Seguimos com outro petisco de carne de porco. Nesse o pernil é empanado na farinha de panko e servido com vinagrete de dedo de moça. Com o nome de “E o Porquinho Bodeou!” o gurjão de pernil é mais uma opção diferente desse grande boteco tijucano.
Remeteu-me ao Tonkatsu, prato japonês que amo que é feito com lombo ou Copa Lombo de porco empanada. Dentro das tradições dos botecos, foi a primeira vez que vi um pernil empanado. Uma delícia! Ainda vale citar o ótimo vinagrete com dedo de moça. Muito bom petisco. Ao menos nessa passagem, valeu a gente ficar apenas nos belisquetes.
O Grande Encontro
Saímos um pouco da carne suína e para encerrar o expediente de comidas escolhemos outro petisco, dessa vez com carne seca. Chamado de “O Grande Encontro”, se trata de uma ótima versão à Bode Cheiroso, do clássico escondidinho. Lá vem com creme de aipim (macaxeira, ou mandioca), queijo coalho, carne seca refogada e farofa de torresmo.
Um show a farofa de torresmo que escondia embaixo o creme de aipim e a carne seca. Outro petisco que nos fez muito feliz aquele dia. O que dizer, eu adoro quando fecho minhas passagens por um boteco querendo ficar.
Fazendo história desde a década de 40
O Bar do Bode Cheiroso reúne todos os ingredientes de um grande boteco. A começar por seu ambiente despojado, o público fiel que conhece os donos e atendentes pelo nome e a sua arquitetura de botequim tradicional.
É um botequim da década de 40 e, apesar de não ter sobrado muito do mobiliário original, os azulejos brancos e azuis dão um encanto único ao espaço.
Protegido por uma imagem de São Jorge na parte de cima, a galera conversa alto e alegremente. O bar talvez só não estivesse mais cheio pelo dia chuvoso e meio frio, que carioca odeia.
De um lado fica o grande balcão, de onde podemos admirar as grandes peças de torresmo e outros petiscos como uma belíssima travessa de jilós.
Eu saí do Bode Cheiroso sem compreender o motivo de nunca ter frequentado tanto assim esse maravilhoso bar, que para mim com certeza entra no rol dos botequins imperdíveis do Rio de Janeiro.
Mas, assim como Copacabana, a Tijuca é um bairro que reúne um grande patrimônio botequinesco, sendo difícil conseguir estar em todos os botecos que queremos em tão pouco tempo. É um duro exercício de exclusão.
Bar do Bode Cheiroso
Endereço: Rua General Canabarro, 218 – Maracanã / Grande Tijuca. Rio de Janeiro / RJ.
Horário: Terça à sábado das 11h30m às 22h30m. Domingo das 11h às 18h.
contato: (21) 2568-9511
Para saber mais:
instagram.com/bardobodecheiroso
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