O Centro de São Paulo é o lugar com o maior conjunto de imóveis históricos da metrópole e um comércio interessantíssimo. Sem contar que por lá as calçadas são bastante cheias e democráticas, o que é um dado positivo. Também é no Centro que se encontram alguns botequins paulistanos clássicos, Como o que estive a visitar com a Silvia: o Bar Leo.
Ao longo dos anos, com afastamento da elite e a abertura de novas áreas financeiras, o local onde cidade surgiu ficou abandonado e degradado.
Caçar botequins clássicos no Centro de São Paulo pode ser também um exercício decepcionante. Muitas casas tradicionais já fecharam as portas.
Para mim, em exemplos como o do Lírico e o Ao Dix Bar ficou apenas o sabor do “eu tinha ouvido tanto falar deste lugar…”.
Bar Leo segue firme e forte
Graças ao bom deus da boemia, o Bar Leo segue firme e forte na esquina da Rua Aurora com Rua dos Andradas. Não muito distante do intenso movimento do comércio da Santa Efigênia, nem de uma das áreas mais degradadas da cidade, conhecida como cracolândia.
Independente da localização, a casa vive cheia, o dia inteiro. Em parte o movimento é de turistas que se embrenham por ali, já que também é perto de pontos turísticos como o Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca.
Mas há a clientela de gente que trabalha no Centro e os fregueses de sempre. Fiéis bebedores. Tão fiéis que reza a lenda, um em particular ganhou até a estátua de madeira exposta no salão principal em sua homenagem. O motivo foi ter bebido chope por ali durante trinta anos seguidos. Gostaria de ter várias estátuas minhas como aquela por ai…
Um dos mais tradicionais botequins de São Paulo
O Bar Leo é, sem dúvida, um dos mais tradicionais botequins de São Paulo. Por muitos anos, inclusive, foi considerado como tendo o melhor chope da cidade. Se é melhor, fiquei na dúvida, mas posso dizer com certeza que o chope dali é excepcional e deixa muito, mas muito bar carioca no chinelo.
É uma delícia, cremoso, tirado com colarinho perfeito, como se medido milimetricamente em computador. Nem computador dá conta do recado, só mesmo os tiradores com anos de experiência e uma clientela exigente e ávida por cerveja podem calibrar os copos daquele jeito.
A casa foi inaugurada na década de 40 e tem decoração que remete a uma taverna alemã. As refeições típicas da Alemanha foram introduzidas por um ex-dono do estabelecimento, Seu Leopoldo.
É por causa deste também que, já sobre o novo comando de Hermes de Rosa (um antigo frequentador que comprou o lugar em 1964) o botequim ganhou o nome, então oficializado na boca da clientela, de Leo.
Por ali ainda é possível apreciar um hábito que é bastante popular no Rio, mas não vejo muito em São Paulo. É o simples chope descompromissado da tarde, tomado em pé, no balcão.
Canapés de pão de centeio
Também no Bar do Leo (como no Bar Barão, outro clássico do Centro), podemos apreciar versões tradicionais de um petisco característico de São Paulo, os canapés de pão de centeio ou pão preto.
Hoje em dia bares como o Astor e o Original criaram novas roupagens ao prato, muito em parte inspirados nestes botequins clássicos da cidade.
Depois de molhar a garganta com alguns chopes, decidimos começar a beliscar justamente um dos canapés. Na verdade a opção mista, com escolha de dois sabores.
Em nosso caso: Linguiça Moída Defumada (Blumenau) e Pasta de Gorgonzola e Copa (Rococó). Outros tipos como Carne Crua (Hackpeter) e Rosbife também me tentaram.
Estilo taverna alemã
A porção veio rapidinha para o salão dos fundos. A casa é dividida em dois salões: o principal, onde fica o balcão e a esquina, além da velha torre de chope da Brahma, e um anexo. Este praticamente uma taverna, escura, boa para conspirar sabores e encher a cara escondido. Pois estávamos lá, escondidos apreciando nosso pedido.
O pequeno prato é servido com dez canapés. O valor de R$ 27,00 pode parecer muito, mas acho que, depois de devorar tudo, constatei que alimentaria de três pessoas a quatro pessoas.
A intenção, afinal, é beliscar e não se empanturrar da coisa. Além disso, a unidade é grande e os sabores são pesados e mais do que quatro pedaços pode parecer cansativo. Ademais há outras tantas opções interessantes no cardápio, que vale segurar a onda.
Em nosso caso os canapés deram uma boa forrada. Suficiente para desistirmos dos bolinhos de carne e optarmos por apenas mais um salsichão, antes de seguir nosso caminho.
O embutido deixou um pouco a desejar, mas não estava ruim. Os bolinhos de carne é que não me saíram da cabeça. Bom motivo, entre tantos, para voltar lá.
Bar Leo
Endereço: Rua Aurora, 100 – Centro. São Paulo / SP.
Horário: de segunda à quinta das 12h às 20h. Sexta das 12h às 21h. Sábados das 10h às 17h.
Contato: (11) 94745-8186
Para saber mais:
instagram.com/barleooficial
barleo.com.br
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Encontre outras dicas de bares e restaurantes em São Paulo em: comer e beber em Sampa
Obrigado pela recepção, vamos aguardar com ansiedade a sua visita ao Luiz e por conseguinte um belo post.
Abraços
Boa noite, acompanho seus posts a algum tempo e só hoje decidi comentar. Era frequentador e algumas vezes notei a queda, tanto nos produtos quanto no serviço. Uma pena.
Recomendo uma visita no tradicional Bar do Luiz Fernandes fica em Santana/Imirim, esse sim preserva a qualidade e o respeito aos clientes, e, também desde que abriu tocado pelos donos!!!
Abraços
Olá Ricardo,
Só vim a conhecer o Leo no início deste ano e acho realmente uma pena o ocorrido.
Quanto ao Bar do Luiz Fernandes, este já está anotado no meu caderno de compromissos. Taí um bar que eu quero muito conhecer e tem sido bem recomendado por muita gente. Agradeço a lembrança.
Espero te ver comentando mais por aqui.
Abraços,
Dé Comber