Eu ainda tenho muito a rodar em São Paulo, mas pelo que eu saiba e dentro do que já pesquisei, desconheço outro armazém tão bem preservado, ao menos na área central da cidade, como o Botequim do Hugo.
É um milagre que aquele pequeno e fantástico espaço tenha sobrevivido ao tempo e a especulação imobiliária, ainda mais em pleno Itaim Bibi, área nobre da capital, onde qualquer pedaço de terra é disputadíssimo.
Mercearia com 85 anos de história
A casa completa 85 anos em 2012 e segue nas mãos de uma mesma família até hoje. Foi aberta em 1927, com nome de Empório Cabral, pelo português Marcelino Cabral.
Funcinava como uma merceria típica de venda de produtos a granel e de primeira necessidade, numa região de São Paulo ainda quase rural.
Em meados dos anos 80 o estabelecimento passou para as mãos dos netos do fundador, Hugo e Emiliana, que terminaram o processo de metamorfose do armazém para um botequim. Surgiu aí o Botequim do Hugo. Até hoje eles tocam, com esmero, o negócio familiar.
O local ocupa uma simpaticíssima casa na Rua Pedroso Alvarenga. Talvez um dos últimos exemplares de imóveis dos anos 20 no bairro, hoje completamente cercado de edifícios modernos.
Patrimônio da cidade de São Paulo
O ambiente é maravilhosamente bem preservado. Se eu tivesse que começar por um processo de tombamento de bares em São Paulo, certamente este seria um dos primeiros. O pequenino armazém é um enorme patrimônio da cidade.
Eu já conhecia a casa de outras andanças por Sampa e fiz questão de logo voltar a visitar assim que me mudei. Convidei meu amigo Rafael para uma cerveja pós-trabalho.
Nossa passagem limitou-se mesmo a três ou quatro garrafas de Original. Minha intenção era curtir mais as centenas de detalhes do lugar. Os objetos espalhados pelas belas estantes de madeira e o balcão de mármore que hoje é raridade.
Aos poucos as estantes que antes eram tomadas de alimentos foram sendo ocupadas por peças de museu. De relógios, passando por instrumentos musicais, artesanatos, filmadoras antigas entre outras velharias.
Muitas delas cedidas por clientes fiéis do lugar. Hoje o ambiente é uma espécie de espaço coletivo de memórias. São muitas! Ali parecem todos velhos conhecidos, amigos, confraternizado a vida em volta de uma mesa antiga. É muito gostoso participar disto.
Buraco Quente
O destaque do cardápio de comidas fica por conta do pastel da Dona Zizi, mãe do Hugo, que é bastante elogiado, mas eu ainda não tive o prazer de provar (um motivo a mais para um retorno em breve).
O armazém-botequim também oferta porções singelas de frios e queijos e alguns sabores de sanduíche. Entre eles o interessante Buraco Quente (carne moída no pão).
O ambiente pequeno e aconchegante e, principalmente o clima familiar do negócio, fazem com que uma vez no Botequim do Hugo, a gente não queira sair mais.
Mesmo com a casa cheia no fim de tarde, arruma-se um espaço para o cotovelo no balcão, ou nas mesas numa área anexa do sobrado e pronto.
Ali o objetivo é não ter pressa. Curtir a cerveja gelada, jogar conversa fora ou simplesmente contemplar os mil detalhes do armazém, deixando a preocupação do outro lado da porta.
Botequim do Hugo
Endereço: Rua Pedroso Alvarenga, 1014 – Itaim Bibi. São Paulo (SP).
Horário: de segunda a sexta das 16h00 às 22h00 (não funciona nos finais de semana e feriado).
Contatos: (11) 3079-6090
Para saber mais:
instagram.com/botequimdohugo
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Meu Jesus, tenho que voltar a São Paulo…