Uma caminhada até a Bar do Serginho, em Santa Teresa, subindo pela famosa Escadaria do Selarón na Lapa.
O chileno Jorge Selarón é um personagem bem conhecido da Lapa. Sua maior realização é justamente o grande mosaico de ladrilhos na escada Manuel Carneiro, que dá acesso ao Convento de Santa Teresa. Quando estabeleceu ali seu ateliê, Selarón se deparou com uma escada abandonada e suja.
Escadaria Selaron
Para atrair a clientela Selarón resolveu, então, limpá-la da porta de sua casa até a Rua Joaquim Silva. Um dia um amigo seu, antes da Copa do Mundo de 1994, propôs ao artista pintar de verde e amarelo a escada até o topo, enfeitando o lugar para o evento, como é comum em diversas partes da cidade. O chileno se dispôs a fazer o sugerido.
Gostou tanto do resultado que decidiu, então, utilizar azulejos verdes e amarelos na escadaria, assim a enfeitando para todas as Copas seguintes. Deixou um espaço entre os degraus para futuramente colocar as cores, azul e branco. Aos poucos outros elementos foram acrescentados, como azulejos de diferentes partes do mundo trazidos por seus diversos admiradores.
A escada ganhou vida própria, passando a ser conhecida pelo nome do artista. Antes da escadaria, no entanto, Selarón já era famoso por seus quadros, em exibição em muitos botequins da cidade. Como no Bar Brasil, por exemplo. As obras são conhecidas pela técnica utilizada e por uma marca peculiar: em todos aparece uma mulher negra grávida.
Depois da chegada do meu irmão e de sua namorada Fernanda demos início, então, a dura subida. A turma ralou. O pior não foi nem propriamente a escadaria, mas sim um pedaço da íngreme Ladeira de Santa Teresa, antes de finamente chegarmos ao nosso destino, o Bar do Serginho. Eu até tentei fingir que não sofri, mas minha cara suada e esbaforida não disfarçou o meu cansaço. Afinal de contas eu não sou nenhum super-herói.
Bar do Serginho
Pelo menos todo o esforço foi compensado com a nossa estada na simples e aconchegante mercearia, na esquina da Rua Dias de Barros com a aterrorizante Ladeira. Sentamos junto a uma mesa ao lado de fora do bar e a vontade era de não sair mais dali. Cerveja geladinha, a visão da charmosa esquina e o sobe e desce das ‘lotadas’.
Para beliscar, solicitamos uma porção de copa e de pastrami (R$ 6,20 e R$ 5,50 respectivamente). A casa trabalha com frios e queijos que podem ser servidos em porções de 100 gramas ou em sanduíches.
Muito comuns no interior, é cada vez mais difícil ver mercearias no Rio. Hoje em dia elas restringem-se a alguns bairros, atendendo a um tipo de público que não tem acesso tão fácil a um supermercado, como é o caso de boa parte de Santa Teresa.
Há, no entanto, algumas mercearias perdidas no meio da cidade, em regiões como a Zona Norte, ou mesmo Copacabana, atendendo a nichos, ou que não se dispõem a enfrentar a fila do mercado para comprar.
A Mercearia do Serginho funciona como um botequim e mercadinho avançado. É um lugar bem interessante e gostoso de ficar. Principalmente por preservar um tipo de tradição que, aos poucos, vai desaparecendo na metrópole.
É a do pequeno espaço onde todos se conhecem e onde a conta é pendurada para o ano que vem. E se você quiser uma cerveja, pode pegar na geladeira. Por tudo isso, nosso desejo era de ficar descansando um pouco por ali, distante da grande engrenagem urbana que, por vezes, nos sufoca.
Tomamos mais algumas cervejas, e quando nos sentimos minimamente relaxados, continuamos nosso caminho pelas sinuosas ruas de Santa Teresa.
Bar do Serginho (Mercearia)
Endereço: Rua Dias de Barros, 2-A – Santa Teresa. Rio de Janeiro / RJ
Funciona de segunda a sexta das 7h às 22h. Sábado das 8h às 21h e domingo das 9h às 16h.
Contato: (21) 2509-6957
Saiba mais em:
instagram.com/bardoserginhodb2
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