Era início de outono e o tempo ainda ensaiava uns dias de calor em São Paulo. Lá fui num sábado à tarde para as bandas do Cursino, ao famoso Bar do Luiz Nozoie.
Clássico botequim paulistano, ele entra na minha lista de ouro. Uma seleta seleção de botecos realmente essenciais para se conhecer na capital
Acepipes do mar
A casa recebe o nome do dono, um descendente de japoneses que tem entre suas paixões a pescaria. Naturalmente, isso reflete no cardápio. Na verdade no balcão: lá é possível apreciar e provar uma série de acepipes do mar, entre lulas, mariscos e camarão.
Muita coisa era pescada pelo próprio Luiz em companhia de sua esposa. Eles costumavam descer até o Guarujá ao menos uma vez por semana para a coleta. Atualmente Luiz fica mais nos bastidores e o bar é tocado por sua família.
Tudo teve início nos anos 60 como uma birosca onde Luiz vendia sorvetes. Eram fabricados numa velha máquina trazida de sua cidade natal no Paraná. Certo ponto a geringonça deixou de produzir sorvetes para servir de freezer para as cervejas. Diz-se que bastam quinze minutos para que as garrafas saiam trincando.
A clientela adorou a brincadeira, a máquina nunca mais fez sorvete e o bar ficou famoso pelas ampolas estupidamente geladas. Até hoje a família costuma usar o instrumento curioso para resfriar cervejas. Mais por onda, pois só mesmo as novas geladeiras para dar conta da sede do povo todo que bate na porta do bar.
Apeguei-me imediatamente ao ambiente simples da casa. Um raro bar que não caiu na esparrela da reforma a la boteco chique que se vê muito por aí tanto em São Paulo quanto no Rio.
Fiel ao estilo boteco clássico de ser
O Bar do Luiz Nozoie se mantém fiel ao seu estilo. A família aos poucos vai dando um retoque daqui e de acolá. Mudou mesas e fez da casa um espaço singelo, porém de bom aspecto e que dá vontade de sentar e não sair mais.
Assim fiz com meu amigo. Aconchegamos-nos numa pequena mesa de canto e lá foi uma cerveja atrás da outra. Para comer era só ir até o balcão e pegar uma lula ou solicitar um espetinho de camarão. Espetinho de camarão por 3 reais! Sim, um troço que não tem nada de espetacular mais é bom demais.
Ali não é lugar de almoçar e sim para se perder, ou se achar, horas a fio a experimentar os petiscos do mar. Como exemplo, a boa lula e polvo a vinagrete que provamos. Ou o surpreendente bolinho de milho (R$ 3,20 a unidade) com recheio de queijo, sugerido pelo Thiago. Tinha sabor suave, mais leve do que eu poderia supor e ao mesmo tempo saboroso.
Balcão longo para beber em pé
O longo balcão que se estica dos fundos até a entrada do bar. Além de servir de vitrine para os acepipes, também é um ponto onde a galera joga conversa dentro do copo e belisca alguma coisa. Isso é difícil de ver em Sampa, já que os paulistanos, ao contrário dos cariocas, não gostam tanto de bebericar em pé.
Uma pena que o este clássico botequim não seja perto de minha casa, pois é o típico boteco que eu gostaria de chamar de meu. Encostar junto ao balcão, comer bem e barato e tirar um início de noite para ficar descompromissado com meus pensamentos.
Bar do Luiz Nozoie
Endereço: Avenida do Cursino, 1210 – Bosque da Saúde. São Paulo (SP).
Horário: de segunda a sexta das 17h30m às 22h. Sábado das 12h às 17h.
Contatos: (11) 5061-4554
Para saber mais:
instagram.com/bardoluiznozoie
bardoluiznozoie.com.br
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