O Jardim de Napoli é um desses restaurantes que são tão comentados que até me dão medo de ir. Quanto mais ouço falar de um estabelecimento, mais expectativa eu crio em relação à experiência.
Escolher uma cantina em Sampa é um negócio complicado. Sempre que pergunto a galera diz que gosta de um lugar diferente do outro. Ou seja, cada morador de São Paulo, tem a sua própria cantina predileta. Cabe a mim agora decidir qual é a minha.
Não poderia deixar de fora desta jornada pela comida italiana de São Paulo uma passada pelo Jardim de Napoli . Alguma coisa deve haver lá para que o lugar seja tão famoso.
Não é nada complicado supor o que leva uma legião de fãs a cantina naquela área que não sei se é Higienópolis ou Vila Buarque (ainda não captei a divisão dos sub-bairros de São Paulo).
O nome na frente do restaurante já diz tudo: “A casa do Polpettone”. Era justo atrás disto que fui para lá no arriscadíssimo horário do sábado a tarde, acompanhado pela Silvia e de meu irmão Tavo e cunhada Fernanda. Fila? É claro! Era certo pegar, mas ligamos antes de ir e o pessoal indicava apenas… 30 minutos.
Fila a la São Paulo
Nunca vi um povo para comer tanto fora como o paulistano. Fila em restaurante por aqui é um negócio comum. Tenho de me acostumar. Bom, no caso do Jardim de Napoli, o negócio é realmente sério. O estabelecimento está longe de comportar todos que batem a suas portas nas tardes da vida.
O negócio é ficar por ali se espremendo em pé, na pequena sala onde ficam os acepipes, com garçom passando, criança brincando, famílias inteiras caindo sobre nossos ombros. Faz parte.
Ao menos até que se libere uma espécie de pré-lugar. Sim, um micro espaço com mesinhas diminutas onde é possível pedir umas entradas e uma bebida enquanto se aguarda a mesa oficial. Por sorte só ficamos uns 10 minutos em pé. Depois arrumamos uma falta de espaço lá em cima. Logo pulamos para outra falta de espaço, um pouco mais espaçosa, ao lado.
Ali pudemos finalmente analisar o cardápio e escolher uns aperitivos, sem exageros. Apenas uma meia porção de pedaços de linguiça calabresa caseira (R$ 16,00) e de Involtini di Melanzana – Rolinhos de berinjela recheados com tomate seco, ao azeite de oliva (R$ 14,00).
O Involtini estava especialmente gostoso. Mais uns 15 minutos por ali e um objeto não identificado sobre a mesa começou a jogar uma forte luz sobre nós. Era o alarme sinalizando que o nosso lugar estava pronto. Fomos para a mesa oficial, também no segundo andar, mas numa sala um pouco mais confortável.
A própria definição de cantina
O Jardim de Napoli é a própria definição de cantina, mas sem exageros decorativos. Umas garrafas de vinho penduradas, paredes coloridas, panos quadriculados na mesa. Nada mais do que isso. Um lugar simples, que não fosse a quantidade de pessoas se aglomerando para esperar a próxima mesa, até poderia ser aconchegante.
Talvez também pelo forte movimento, o atendimento deixe um pouco a desejar. Falta um tempero de pessoalidade no serviço, que se profissionalizou a tal ponto que nós clientes nos sentimos bastante distante dos garçons.
Bom, não demoramos muito em nossos pedidos. Decidimos pedir um Polpettone à Parmigiana para dividirmos entre os quatro, e um prato de massa por casal.
Decidi pelo Spaghetti al sugo (R$ 33,00), com molho de tomate e parmesão ralado. Na verdade eu sempre tendo a solicitar espaguete. Tavo e Fernanda pediram um Agnolotti Verdi Allá Napoletana con Funghi Freschi. Com massa de espinafre e recheio de ricota e nozes, tomates frescos, azeitonas, temperos e cogumelos shitake.
Polpettone à parmigiana
A comida chegou toda junta, mas eu me dediquei primeira e ansiosamente ao enorme Polpettone à parmigiana que posou sobre nossa frente. Tirei fotos apressadas, antes que a fome detonasse o objeto.
Não consegui fazer um registro decente! Que me perdoem os leitores. Enfim, o que tenho para dizer sobre o carro chefe da casa é: merece absolutamente toda a fama que tem. É muito bom!
O bolo em formato de disco deixa escapar o queijo derretido em seu interior, que se espalha pelo prato assim que cortamos a carne. É um delicioso exagero.
Os pratos de massa estavam bons, principalmente o Agnolotti. Mas meu paladar tinha paralisado no Polpettone.
No fim da experiência, a galera não saiu da cantina com a maior cara de felicidade do mundo – é preciso dizer. Enfrentar fila, certo desconforto, um atendimento frio, preços nem tão em conta assim… Mas pelo Polpettone… Por esse sim merece o retorno.
Talvez num horário alternativo, de início de noite, com menos movimento, uma passada ligeira para as entradas que são ótimas e bolo de carne.
Nestas condições posso garantir que vocês sairão com um sorriso no rosto do Jardim de Napoli. Afinal de contas, trata-se de uma casa tradicional de São Paulo, desde 1949 alimentando muitos fãs. Portanto, merece ter o cardápio explorado ao máximo.
Jardim de Napoli
Endereço: Rua Martinico Prado, 463 – Higienópolis. São Paulo / SP.
Horário: de segunda a sexta das 11h às 15h e das 18h às 23h. Sábado e domingo das 11h às 23h.
Contatos: (11) 3668-8383
Para saber mais:
instagram.com/jardimdenapoli
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Já consegui não pegar fila (e escolher a mesa) numa 3a a noite, por volta de 21hs. Fica a dica. Mas concordo com quem te deu a dica: é bom, mas considerando todo o resto, não é tudo isso. Bjos, Laura.