O Rei do Filet é uma casa de importância histórica para a gastronomia paulistana e que reúne um sem número de fatos curiosos. Reza a lenda que foi lá no Moraes, por exemplo, que o sambista Adoniram Barbosa (cliente assíduo) escreveu o célebre samba Trem das Onze.
Longa história
O local inicialmente era uma lanchonete conhecida como Esplanadinha, fundada em 1914. Naquele então, o pedido mais famoso era o filet feito pelo icônico Chapeiro Moraes. Por isso muitos passaram a chamar o estabelecimento de Filé do Moraes.
O restaurante defronte a Praça Júlio de Mesquita surgiu em 1929. Ao longo dos seus muitos anos de vida foi ponto de encontro de políticos, intelectuais, artistas e outras figuras célebres da cidade. Todos atrás do carro chefe, o Filet.
Surpreendentemente eu nunca havia estado lá antes em minhas muitas idas a Sampa. Tal falta era quase um sacrilégio, uma enorme falha em meu currículo gastronômico. Não mais.
Meu sócio tinha sugerido irmos na filial, bem mais nova, na Alameda Santos, no Jardim Paulista. Imaginem se eu perderia a oportunidade de conhecer a matriz e sentir o peso daquele ar histórico. Por mais que pouco, ou nada, tenha sobrado da arquitetura e decoração original. Não importa, só por estar no velho Centro de São Paulo já vale a ida.
Simplicidade agradável
De cara eu já amei a simplicidade do lugar. Um salão comprido, com singelos azulejos, ventiladores de ferro presos no alto da parede. Mesas com panos brancos simplórios, cadeiras sem vaidade e uma cestinha com azeite português, vinagre e pimenta. A semelhança com alguns clássicos restaurantes cariocas, nos quais eu cresci, é notória. Acho que isso fez com que eu me sentisse bastante aconchegado por lá.
Mais aconchegado ainda fiquei quando o garçom trouxe uma garrafa de cerveja Original bem gelada e uma porção de mini-croquetes num prato. Um mini-croquete dava para levar. Na verdade, com a emoção toda de estar ali, a fome ressurgiu e a porção não foi suficiente para atender a todos os presentes.
O croquete estava muito bom. Principalmente pelo alho frito que acompanhava a porção. O esquema era tascar o alho frito granulado sobre os bolinhos antes de comer. Que combinação bem vinda! Não exagerei na entrada para deixar espaço suficiente para a carne.
O Filet
Era muita carne. O Filet é servido em três tamanhos: Com 130, 260 ou 490 gramas (este último, com quase meio quilo é uma verdadeira monstruosidade). Dividi com meu sócio um Filet de 490, estilo a Cavalo. O cavalo por lá é reforçado, servido com dois ovos fritos. Perfeito para duas pessoas comilonas, portanto.
Aquele sábado foi um inesquecível exagero. Já tínhamos dado conta, até então, de alguns mini-croquetes com alho frito picado e agora, um Filet a Cavalo. Para acompanhar, ainda, uma porção de brócolis puxada no alho e batatas fritas.
Na confusão de um pede bem e outro mal passado, acabou que a cozinha perdeu o meu ponto. Eu gosto sangrando, mas a carne veio rosada, quase como querendo estar bem passada.
De maneira alguma isso atingiu minha positiva opinião sobre aquele almoço. Até porque, mesmo um pouco mais bem passado do que eu elegeria, o Filet estava uma delícia. Bem temperado e muito macio. Digno, não tenho dúvidas, da fama que lhe é atribuída.
Saí da casa rindo como uma criança que sai de uma loja de brinquedo especial. E o melhor de tudo, com o seu videogame desejado debaixo do braço. No meu caso, o brinquedo era um enorme pedaço de Filet com ovo e brócolis no alho que carregava dentro de mim.
Bom, era hora de pensar, mas uma vez, em solucionar a digestão antes de um terceiro, quem sabe um quarto tempo. Uma ida ao Ibirapuera poderia resolver.
Rei do Filet
Endereços: Matriz: Praça Júlio Mesquita, 175 – Campos Elísios / Centro. São Paulo / SP.
Horários: segunda a sexta-Feira das 11h às 16h. Sábados e domingos das 11h às 17h
/Contatos: (11) 3221-8066
Para saber mais:
reidofilet.com
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