O RESTAURANTE HERMANN ENCERROU AS ATIVIDADES EM 2017. ERA UMA TRADICIONAL CASA DE COMIDA ALEMÃ. O TEXTO FOI MANTIDO COMO MEMÓRIA GASTRONOMICA DE BUENOS AIRES.
Foi um almoço simples, bom, rápido e barato. Uma decisão acertada depois de nos enrolarmos ao acordar tarde e a procurar casa de câmbio para trocar dinheiro. Invertemos toda a programação planejada para a manhã e trocamos o destino na hora do almoço. De um peruano, para um alemão. É difícil decidir entre quais as culinárias étnicas escolher entre as tantas que influenciaram a gastronomia portenha.
A culinária peruana, no entanto, é um fenômeno mais novo na cidade e que agora se espalha com sucesso pela capital da Argentina. Já a alemã, por outro lado, está na base essencial da gastronomia de Buenos Aires, porém em menor grau que a italiana e a galega.
Bodegón de comida alemã
Como eu particularmente adoro comida alemã e estava na onda dos bodegones, optei pelo Hermann, uma casa tradicional que passa quase despercebida numa esquina movimentada da Avenida Santa Fe.
O Hermann é um caso bastante curioso desta mistura de cozinhas que formou a culinária portenha. Isso porque o restaurante passou pelas mãos de espanhóis e alemães (ganhou este nome por conta de um antigo dono alemão) e desde meados dos anos sessenta do século passado está sobre o comando de um galego.
O cardápio contempla em sua maioria pratos de origem alemã com roupagem argentina. As famosas milanesas e pratos de pollo estão presentes entre salsichas e chorizos.
A casa tem um estilo mais fechado e rude, com uso extenso de madeira na decoração e vitrais na entrada. O ambiente de poucas mesas vagas na hora do almoço pode parecer estranho.
Realmente não sei se aquele espaço escuro e com um quê de tristeza no ar ainda faz parte do desejo coletivo das novas gerações, mais chegadas a restaurantes claros ou de decoração viva, limpa e descolada.
Restaurante clássico de Buenos Aires
O Hermann tem cara de avô. Lembrou-me uns clássicos do Rio de Janeiro como a Casa da Suíça, na Glória, por exemplo.
Bom, eu adoro os clássicos e o tal ar de tristeza do Hermann, que poderia ser ruim, passa assim que nos ajeitamos entre as cadeiras de madeira coladas a parede, que formam uma espécie de microambiente reservado no salão.
Aos poucos se percebe que se trata de um restaurante super família, com casais e seus filhos almoçando e logo algumas mesas também se enchem de gente que trabalha na área. O clima acaba por se revelar legal, e os clientes, claramente, são frequentadores assíduos, pois todos tratam os garçons pelo nome.
O nosso garçom foi um pouco arisco no início, um sinal claro de que por ali existe desconfiança com forasteiros. Ainda mais turistas. Aos poucos a fera, um senhor já de cabeços brancos e voz grossa (e com muitas ironias na ponta língua) foi amansando.
Uma vez mais me remeti a uma casa carioca, o Bar Lagoa, conhecida enganosamente pelo mau-humor dos garçons. Não são mal-humorados, apenas não se enquadram no estilo ‘sorridente’ e ‘sempre felizes’ que alguns meios exigem nos tempos atuais.
O Seu Garçom, vendo o nosso interesse pela casa, logo se abriu em gentilezas conosco, caprichando na tirada do chopp Quilmes e explicando a composição e preparo dos pratos, quando solicitávamos. Só faltou a pose para foto, mas isso já era exagero.
Chorizo Alemán
Matando o desejo de minha fome, pedi um Chorizo Alemán com salada de batatas que saiu a honestos 33 pesos. Isso para um Buenairense, pois para um brasileiro é bem barato (cerca de R$ 15).
Salsicha com salada de batatas é um prato bastante comum no Rio, e por isso mesmo, eu me tornei exigente com o pedido. Não é qualquer salsichão, muito menos qualquer salada de batatas que me satisfaz. O prato do Hermann eu aprovei. Principalmente pelo bom salsichão. A salada estava na média.
A Silvia comeu un Salpicon de Pavita (33 pesos): salpicão de carne de peru. Um prato bom, mas muito leve – para mim. Os pedaços de diferentes partes do peru, como peito e coxas, são servidos cortados com ovos cozidos numa tigela.
Além disso, também pedimos uma salada verde, que já vem temperada. Para sobremesa minha esposa ficou numa espécie de bolo de sorvete com creme de amêndoa (22 pesos) que ela adorou.
Foi um almoço simples, bom, rápido e barato. Como disse no início. Saímos do Hermann prontos para mais caminhada, desta vez pelas bandas do Barrio Chino.
O RESTAURANTE HERMANN ENCERROU AS ATIVIDADES EM 2017.
Hermann
Endereço: Av. Santa Fe 3902 (Esquina com Armênia) – Palermo.
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mais uma vez, otimo post! e eu nunca gostei do herrmann e sempre acabo caindo no salsichao com salada de batata…