Em uma tarde de sexta decidi retornar a três botecos de peso na Tijuca, bairro tradicional da Zona Norte do Rio de Janeiro. É uma boa sugestão de roteiro para quem deseja conhecer um pouco do panorama botequeiro da região, repleto de bares autênticos e cheios de história.
Bar Madrid
Comecei a jornada pelo Bar Madrid, próximo à Praça Afonso Pena. Apesar de ser o mais recente entre os três, este boteco já nasceu com alma de clássico.
Na verdade, o Bar Madrid ocupa o espaço de um boteco histórico da cidade, o Bar Rio-Brasília. Durante as reformas, elementos originais, como a parede de azulejos azuis e pretos, foram preservados, mantendo viva a memória do local.
Nem sempre essa mudança de um bar que era histórico para um novo dá em boa coisa, mas no caso do Bar Madrid isso funcionou muito bem. Ele tem muita personalidade e uma atmosfera bem pitoresca, com vários objetos curiosos, pequenos detalhes que fazem o ambiente do local bem interessante.
Fundado pelos primos Felipe e André Quintans, antigos frequentadores do Rio-Brasília, o bar homenageia a origem espanhola da família e o Cine Madrid, antigo cinema da Rua Haddock Lobo.
Croquete de Língua
É um lugar que tem petiscos bastantes criativos como o croquete de língua, um salgado imponente e com massa parecida com a de rissole. O recheio é macio e bem temperado.
Pintxo Cocodrilo
Outro petisco tradicional do Bar Madrid é o Pintxo Cocodrilo, um espetinho de bife e batatinhas portuguesas empilhadas. Uma releitura do bife e batata frita. Bonito e bom demais. Afinal, botecagem também é arte.
Rua Almirante Gavião, 11 – Tijuca, Rio de Janeiro – RJ
Quarta a domingo: 11h às 18h
Instagram/barmadrid
Bar do Bode Cheiroso
Em seguida, visitei o Bar do Bode Cheiroso, fundado em 1945. O nome dele inicialmente era Café e Leiteria Bonfim e depois passou a Bar Macaense. Reza a lenda que, nos anos 50, por conta do cheiro vindo do banheiro, os clientes o apelidaram de Bode Cheiroso.
O cheiro ruim ficou lá atrás na história, mas o apelido pegou e assim o boteco passou a ser conhecido até hoje como Bar do Bode Cheiroso.
Junto com o Salete, ali perto, o bar mantém características típicas dos botecos antigos do Rio de Janeiro, como as paredes com azulejos azuis e brancos e as mesinhas tradicionais. Também preserva as mesinhas antigas. É um boteco bastante charmoso.
Torresmo (Barra de Cereal)
Um dos petiscos mais célebres do local é o torresmo em barra, carinhosamente chamado de “barra de cereal” pelos clientes. Aquilo é que é uma barra de cereal de verdade. Em realidade o torresmo pode vir em um pedaço inteiro ou cortadinho. É uma delícia.
Empada de Costela de Boi
Vir ao Rio de Janeiro e não comer uma empada é praticamente um pecado. A empada é algo muito carioca. Na Tijuca você tem ótimas empadas no Salete, porém a do Bode Cheiroso também é bem conhecida e deliciosa. As mais pedidas são a de camarão e de costela de boi, ambas excelentes.
Diz que a empada boa é aquela que esfarela bem. A de lá esfarela perfeitamente, com recheio bem temperado e tamanho ideal. Não é pequena, nem gigante. Perfeita.
Rua General Canabarro, 218 – Maracanã, Rio de Janeiro – RJ
Quarta a sábado: 11h30 às 22h30 | Domingo: 11h às 18h
Instagram/bardobodecheiroso
Bar do Momo
Finalizei o passeio botequeiro no Bar do Momo, um boteco muito tradicional e que foi reconhecido como patrimônio carioca em 2022.
Seu nome é uma referência ao fundador do bar, Abraão Reis, rei momo do Carnaval Carioca por muitos anos. Em 1986 o boteco foi comprado por Antônio Lopes dos Santos, conhecido como Tonhão e atualmente é comandado pelo seu filho, Antônio Carlos Laffargue dos Santos, o Toninho do Momo.
Toninho assumiu a cozinha em 2010 e a partir daí começou a criar os petiscos mais famosos do bar, que tem uma pegada bastante criativa. O Bar do Momo hoje em dia é uma referência em criatividade dos bolinhos, mas também servem boas opções no almoço.
Bolovo de Bacalhau
Um dos petiscos criativos do boteco é o bolovo bacalhau. Basicamente um bolovo que usa a massa do bolinho de bacalhau. Uma combinação perfeita se pensarmos na quantidade de pratos que já fazem essa mescla de bacalhau com ovo.
Com a geminha mole, como deve ser sempre, esse petisco une duas coisas que eu amo: o bolovo e o bolinho de bacalhau. Sem dúvida, é um dos grandes destaques do cardápio.
Bolinho de Arroz
Outro bem famoso é o bolinho de arroz. Na verdade, é um bolão de arroz, um salgado grande. O recheio é composto do arroz misturado com pedacinhos de linguiça calabresa, três tipos de queijo (muçarela, prato e parmesão) e salsa. Se forem lá, não deixem de provar.
Rua General Espírito Santo Cardoso, 50 – Tijuca, Rio de Janeiro – RJ
Segunda, quarta a sábado: 12h30 às 22h | Domingo: 12h30 às 17h30 | Terça: Fechado
Instagram/bardomomooficial
Um roteiro de botecos para fazer em uma tarde
Esse roteiro poderia ser os 10, quiçá 15 botecos essenciais da Tijuca, dado que a região é uma das que reúne a maior quantidade de bons botecos por quilometro quadrado do Rio de Janeiro. Mas selecionei esses 3 bares que são um programa possível de se fazer em uma tarde.
Tudo iso pegando o metrô, começando na Afonso Pena e depois acabando para os lados da Rua Uruguai. Deixei 2 opções de petiscos por boteco, a despeito de haverem outras tantas delícias em cada um deles. Também pensando aí na capacidade de comilança de um ser humano normal.
Espero que gostem das dicas e quando derem um pulo nesses bares não deixe de falar pra mim como foi a experiência no Instagram do Diários Gastronômicos , aqui no blog o nos comentários do canal no Youtube.
Quem estiver procurando outras dicas de bares e restaurantes no Rio de Janeiro dá um pulo na aba: comer e beber no Rio
