Não poderíamos ter fechado nossa última noite em Buenos Aires de maneira melhor. O jantar no Sarkis, um disputado restaurante armênio em Villa Crespo e depois uma maravilhosa milonga num clube de bairro chamado Villa Malcom.
A dica partiu de nosso amigo galego Arturo, naquele então de fevereiro, ele ainda morador de Buenos Aires. Fomos lá nós a caminhar pela charmosa cidade noturna. Como é bonita, e movimentada, Buenos Aires à noite!
Comida armênia
Fomos recepcionados por um fila no Sarkis. Consegui descolar umas cervejas num bar quase ao lado. Calsberg, enquanto aguardávamos. Não demorou a vagar mesa. Logo ao sentarmos buscamos o cardápio para realizar os pedidos.
O lugar era muito bem recomendado. A fome nos iludiu e saímos a chamar por muitas coisas. As porções eram generosas e os preços bastante em conta (qualquer coisa fora do Rio de Janeiro me parece em conta nos dias atuais).
Keppe Crude Armenia (o famoso kibe cru), puré de garbanzos (nosso conhecido Homus) e um prato de Cordeiro que se assemelha muito ao Michui. Além de um tabule para completar. Esse foi o nosso pedido no restaurante Sarkis.
O kibe cru estava divino, melhor do que qualquer um que eu já tenha provado nas bordas da Guanabara. O cordeiro também estava bom, macio e bem temperado. Vinha bem acompanhado de cebolas e tomates assados. O homus e o tabule, numa boa média.
Comi tudo que eu pude com muita gula. Atendi a fome e um pouco mais. A noite se seguiria na milonga, eu tinha de me alimentar, acumular energias, quem sabe para arriscar uns passos no salão. Antes de encerrar a conta, tomei uma dose de Arak para animar.
Villa Malcom
Estávamos cansados de tantas andanças, mas havíamos de esticar um pouco mais, pois a última noite na cidade merecia essa deferência. Arturo gentilmente nos acompanhou até a porta do Villa Malcom. Um movimento já se revelava na porta.
O clube de bairro foi inaugurado em 1928, originalmente atendendo a um jovem público amante do futebol. Hoje também é conhecido pelas noites de tango, mas ainda está fora do circuito turístico massificado da cidade.
Na porta do clube nos despedimos de nosso amigo. Compramos nossos ingressos e descolamos uma mesa pequenina ao lado da pista de dança e perto do palco. Um DJ despejava velhos tangos pelas caixas de som. Pedi uma Quilmes e uma água com gás para a garçonete que de vez em quando pintava por nossas bandas.
Foi um desses momentos perfeitos que carregaremos na memória da vida. Eu e Silvia, tango e Quilmes, o salão escuro, com luzes em tom vermelho – que revelavam discretamente os rostos dos dançarinos.
Certo momento o DJ diminuiu a música e um grupo de milonga subiu ao palco. O que já era perfeito melhorou. Fiquei hipnotizado, amo aquela música, amei a simplicidade daquele lugar. Poderia ter levantado para dançar. Porque não? Que abestalhado de tímido sou! Silvia também talvez não topasse meus passos de sambista amador tentando encontrar-se naquele ritmo. Imagina a cena!
La milonga
Alguns corpos rodopiavam o salão. Nem todos graciosamente. Ali, no entanto, mais valia a intenção de dançar do que a exibição de beleza no ato. Eram casais simples, de classe média, curtindo uma milonga de quarta-feira à noite. Uma coisa maravilhosamente honesta, bonita de se ver pela verdade dos passos mal trocados, do desajeito de um feio e comprido rapaz contrastando com a beleza branca e fina de uma jovem buenairense.
Ficamos por ali sentados a trocar uma ideia, a olhar os casais a rodopiar no salão a curtir o grupo a tocar. Foram quase duas horas num voar de tempo. Eu perdi o passo aquela noite ao tropeçar no degrau que levava ao baño. Foi quando a banda impôs acordes mais dramáticos a milonga. Fingi que não caí, apesar de ter estropiado o tornozelo. Aquele foi o ato final da última noite de viagem a Buenos Aires.
Mal conseguia andar ao findar da música. Tomamos um táxi e cheguei com os pés inchados no hotel. Putz! Dia seguinte, voo de retorno ao Rio… Espero para ver no que dá ou vou a um pronto socorro em Buenos Aires? Coloquei muito gelo, uns cremes para pancadas e deitei para dormir. Não sentia dor, anestesiado de álcool eu estava. Dia seguinte de manhã veria o que fazer.
Sarkis
Endereço: Thames 1101 – Villa Crespo. Buenos Aires, Argentina.
Horário: diariamente de 12h às 15h e de 19h a 00h.
Contato: (11) 4772-4911
Para saber mais:
instagram.com/restaurantesarkis
Club Villa Malcom
Endereço: Av. Córdoba 5064. Buenos Aires, Argentina.
Horário: Segunda à sexta das 17h30m à 01h. Sábado das 11h às 02h. Domingo das 15h30m às 01h.
Contato: (11) 4772-9796
Para saber mais:
instagram.com/csdvillamalcolm
csdvillamalcolm.com.ar
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que noite, hein! agora villa malcolm tem, do lado da placa da foto, um retrato do brasileiro que melhor dançou tango esse ano em buenos aires…
Já estou a ver onde isso vai dar… Ao menos poderia ter sido a minha foto. Só não dancei aquela noite porque estropiei o pé (que mentiroso hein…).