A feijoada do Bar do Mineiro, se não posso afirmar que é melhor da cidade do Rio de Janeiro (porque não conheço todas), está dentro do ótimo padrão entre feijoadas carioca, que em minha opinião ainda não consegui encontrar nestes anos todos que vivo em São Paulo.
Não poderia ter dispensado algumas palavras sobre uma de minhas passagens pelo botequim de Santa Teresa, em minha cidade natal, terminando lá pelas tantas dentro de uma vasilha de feijoada – após algumas ampolas geladas.
Nada como esticar o almoço no charmoso bairro carioca, naquele clássico botequim, começando com os imperdíveis pastéis de feijão.

A servida na casa de Santa Teresa vem com uma cumbuca de feijão bem temperado com carne seca, lombinho, duas qualidades de linguiça (paio e calabresa) e costela de porco. Acompanha uma travessa com couve, arroz e a ótima farofa caseira misturada com torresmos sequinhos e as gomas de laranjas que não podem faltar.
Teoria do feijão preto
Tenho uma teoria (sem base científica, apenas sustentada por minhas garfadas) de que pelo fato de os paulistanos comerem feijão carioquinha (o marrom) em seu cotidiano, qualquer prato de feijão preto com uma carne dentro torna-se imediatamente uma feijoada.
Já para o carioca, que consome o feijão preto diariamente (este sim deveria ter o nome de carioquinha), uma feijoada tem que ter algo a mais para poder ser efetivamente considerada como tal. A feijoada, pois, não é só feijão preto. Este é a base da grande e sagrada mistura de carnes, embutidos e temperos do prato.
Sem ir tão distante (e viajante) na prosa, ainda tenho que rodar mais por terras paulistanas para reforçar minha teoria. Sempre frisando que levo em conta o padrão cotidiano (dos botecos-lanchonete de São Paulo e dos botequins no Rio)
Diferenças entre as feijoadas Rio e Sampa
Minha impressão é de que há uma variedade maior de carnes e embutidos no preparo no Rio. É mais complicado encontrar feijoada em Sampa, por exemplo, que inclua o paio e a linguiça fina de carne de boi ou porco (chamada de mineira). A linguiça amplamente usada em Sampa é a calabresa.

A carne seca é outro item indispensável para o carioca e nem tão presente na feijoada do paulistano, que se concentra muito na costelinha (também presente no Rio). Em terras da Guanabara, o uso de outras partes como rabo de porco, língua de boi são mais comuns aparentemente.
O carioca também é um povo farofeiro. A farofa é um elemento muito valorizado na gastronomia do Rio e não tão importante nos botecos de São Paulo. Os Pê-efes de Sampa nem sempre vêm com farofa, que é considerada apenas um item coadjuvante. No Rio, uma boa farofa, para acompanhar a feijoada, é algo essencial ao conjunto.
As típicas feijoadas de cumbuca de São Paulo (a feijuca comum de boteco) também nem sempre é servida com torresmo. No Rio, o torresmo é mais presente.
Para completar, há diferenças nas feijoadas também no tempero. O carioca é chegado naturalmente ao alho e ao coentro. Já o paulistano não curte coentro (fato que nunca consegui até hoje entender) e economiza no alho.

Um elemento, no entanto, me parece mais comum em São Paulo do que no Rio. A bisteca de porco servida como acompanhamento (para o carioca, o popular Carré), mas que é preparada de forma separada, não como um ingrediente do caldeirão.
Acostumei-me e gosto da bisteca de porco depois de tantos anos em SP. Ainda assim prefiro o conjunto mais completo e o tempero das feijoadas cariocas, todos dentro da cumbuca.
No mais, para quem quiser comer uma típica feijuca paulistana (padrão), recomendo a do Bar do Mario, um dos poucos botecos ainda sobreviventes no bairro de Pinheiros. Ou no ótimo Ugue’s em Higienópolis.
No Rio, a ida ao Bar do Mineiro, sem dispensar os pastéis de entrada, vale antes de tudo por seu ambiente e pela sempre agradável subida até Santa Teresa. Mas outra dica fica pela feijoada do restaurante-botequim Adriano, em Botafogo, com comida farta e (ainda) em conta.
Bar do Mineiro
Endereço: Rua Paschoal Carlos Magno, 99 – Santa Teresa (próximo ao Largo dos Guimarães). Rio de Janeiro (RJ).
Horário: De terça a sábado das 11h à 2h. Domingo das 11h à meia-noite.
Contatos: (21) 2221-9227 / (21) 2508-8580/ bardomineiro2009@hotmail.com
Saiba mais em: instagram.com/bardomineiro
Restaurante Adriano
Rua Real Grandeza, 162 – Botafogo
Horário: de segunda à sábado das 11h às 16h.
Contatos: (21) 2538-0825
Saiba mais em: facebook.com/profile.php?id=100063466540147
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Bar do Mário
Funciona de segunda a sábado das 11h30m às 24h.
Rua Artur de Azevedo, 1162 – Pinheiros, São Paulo (SP)
Horário: de segunda à sábado das 6h às 1h.
Contatos: (11) 3061-5865
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Ugue’s Lanchonete
Rua Marquês de Itu, 1018 – Higienópolis
Horário: de segunda à sábado das 11h às 24h. Domingo das 11h às 17h.
Contatos: (11) 3661-3197