Talvez eu tenha sido um pouco injusto ao falar do clima de Palmas no Tocantins. Sim, a cidade é muito quente, mas entre maio e junho as coisas ficam ligeiramente mais amenas.
A ponto de, ao acordar por volta das seis da manhã, eu acreditar por um momento que o tempo até estava fresco. A sensação acabava logo que o sol tomava o céu para si e iniciava a enxurrada de calor com seus raios.
A cidade está diferente de quando estive por aqui da última vez. Cresceu, mas ainda exibe ruas de terra vermelha pelas bordas da área planejada. Na espera do progresso chegar por ali.
Agora o povo já tem Cinemark, Shopping Center e redes de hipermercado. No horizonte, os edifícios altos começam a pipocar. Até ensaio de engarrafamento já há.
O calor da cidade pode ser desconfortável, mas não se pode dizer que o local de implantação do projeto da nova capital do estado seja ruim. Ao contrário, Palmas está localizada em um ponto geograficamente estratégico, no caminho entre Brasília e no norte do país.
Interesses naturais, culturais e históricos do Tocantins
Encontra-se bem posta entre a bela Serra do Lajeado, na parte leste, e o Lago de Palmas – formado das águas do Rio Tocantins represadas pela Usina de Lajeado. O visual é bem bonito.
A capital é o ponto de partida de vários locais de interesse naturais, culturais e históricos. Entre os mais conhecidos estão as dunas do Jalapão e o patrimônio histórico das cidades de Porto Nacional e Natividade. O que não falta, nos arredores, são opções de lugares interessantes para os amantes da natureza, dos esportes e da cultura.
Também mudei minha opinião em relação à oferta de lugares para se comer na cidade. O destaque ficou mesmo por conta do Cabana do Lago, citado no texto anterior.
Adelaide Bistrô
Gostei, entre outros, do Adelaide Bistrô, um restaurante aconchegante, que abre apenas para reservas, tocado pelo simpático carioca Val e sua irmã.
O clima do restaurante é – como o próprio Val me definiu – de se sentir na casa de um amigo. Uma pena que nós fomos com tanta pressa, espremidos entre um encontro e outro numa hora de almoço. Vacilamos por não ir à noite, para ficar por ali à toa, sem pressa – como a casa pede.
Porém, apesar do pouco tempo que tivemos, curtimos os pratos. Eu pedi um risoto de rabada (receita do Val), muito bom, mas um pouco pesado para o clima de Palmas.
Outros bares como o Mercatto seguem a linha de tentar aplicar em Palmas um padrão de São Paulo, tanto na comida, quanto no atendimento. Não tentem buscar na capital do Tocantins o que vocês estão acostumados a ver no Rio ou São Paulo. Procurem exatamente o contrário, afinal, há coisas neste mundão central do Brasil que só mesmo o Cerrado pode ofertar.
DOM de Palmas
Palmas tem os seus botecos típicos, umas barracas bem estruturadas, armadas junto aos cruzamentos da cidade. Fomos a uma em particular, o DOM. Não se trata de uma filial do famoso restaurante de Alex Atala.
O DOM de Palmas é um singelo barracão de teto de lona, com uma churrasqueira improvisada nos fundos e mesas de plástico. O som alto e a defumação do ambiente é por conta da casa.
O cardápio é formado basicamente de espetinhos, que ficam guardados em um grande isopor enquanto não vão à brasa. Quem não quiser carne então terá de se contentar com um pão de alho, com mais alho do que pão.
Fizemos uma verdadeira jornada por diferentes sabores de espeto, do coração de frango à picanha. São espetos bem servidos, com grandes nacos de carne. O destaque ficou com o de linguiça artesanal apimentada. Muito boa.
Cerveja em Palmas
A cerveja em Palmas é servida sempre extremamente gelada, do contrário o dono do estabelecimento é capaz de ser apedrejado em praça pública.
Uma coisa que me surpreendeu foi a boa oferta de marcas. Isso demonstra não só o desenvolvimento da cidade, que já conta com um público consumidor mais exigente, mas também uma tendência natural e bem vinda de amadurecimento no mercado de cervejas no Brasil.
A Heineken entrou muito forte na capital do Tocantins e já está presente em diversos bares. Não é difícil deparar-se com os rótulos da Ambev como a Stela Artois. Alguns estabelecimentos, como o já referido Mercatto, ofertam um cardápio interessante da bebida. Até Therezópolis nós tomamos.
No fim das contas, Palmas me deixou impressões muito melhores do que da última vez que estive por aqui. Antes de seguir com a conclusão deste texto não posso deixar, no entanto, de citar o café da manhã de nosso hotel.
Hotel Araguaia
O Hotel Araguaia é um lugar bastante singelo, que pode até assustar aos desavisados por sua fachada, que precisa de uma pinturinha. Porém, a hospedagem nos atendeu muito bem. Ar condicionado, internet funcional, boa cama e limpeza. O melhor, no entanto, ficou por conta do café da manhã. Fantástico!
Cada despertar era uma surpresa. A própria dona do hotel, a simpática Lizete, é que comanda o salão, trazendo diversos tipos de bolos e tortas, doces e salgados, muitas frutas e os indispensáveis e deliciosos pães de queijo.
Se quiser, a cozinheira de plantão prepara na hora um ovo mexido quentinho ou uma tapioca. Ao lado das garrafas térmicas com café e água para chá, há a opção de vários sucos, como de caju, feito da polpa de verdade. Este café da manhã me deixará saudade.
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