O restaurante flutuante de Porto Nacional

Porto Nacional, restaurante flutuante

A moda em Porto Nacional são os restaurantes flutuantes sobre as águas do Rio Tocantins. O visual é bem bonito dali. Nesta parte, o rio é largo a ponto de a população apelidar aquele trecho de Lagoa da Confusão. Não sei por que lagoa e não lago, mas enfim, o nome é esse mesmo.

Os restaurantes flutuantes são a melhor opção da cidade, uma das poucas na verdade. Todo o movimento fica por ali na área do porto, que enche bastante quando anoitece.

Boteco flutuante Porto Nacional
O restaurante flutuante no Rio Tocantins

É também a noite que começam a pipocar os primeiros carros com som, despejando altos decibéis de uma mistura de música sertaneja, forró, brega e o que se denomina pagonejo, entre outras mesclas de ritmos populares.

Os estilos não me incomodam tanto, pois tenho gosto musical bastante eclético. Apesar de que preferiria me ater à música sertaneja tradicional do que estas novas vertentes. O que incomoda é a cultura do som alto, realmente insuportável.

Boteco flutuante Porto Nacional
Uma curiosa balsa boteco

Determinado momento, além de já não termos ideia do que se está ouvindo nós mesmos acabamos por não conseguir conversar. Afinal, ao nosso redor três ou quatro carros jorram diferentes músicas ao mesmo tempo.

Boteco flutuante

Descobrimos que por estar um pouco afastado da área de estacionamento, o restaurante flutuante Mãe Maria III era a melhor opção entre todos.

O estabelecimento está mais para boteco flutuante. É bem simples, bastante diferente e curioso. As águas do Rio Tocantins são mansas por ali e só se sente algum balanço um pouco mais desagradável quando alguma lancha cruza pela balsa.

Boteco flutuante Porto Nacional
Como manda a regra no Tocantins, a cerveja é sempre muito gelada

Depois de um dia de longa viagem no sábado, em que fizemos um bate-volta até Natividade, queríamos muito uma cerveja gelada e beliscar alguma coisa sem compromisso com o tempo.

Para não fugir a regra, ainda bem, o Mãe Maria III serve cerveja estupidamente gelada. O cardápio é curto e tem como prato principal o tucunaré (bastante popular na região).

O peixe vem em diferentes tamanhos, sempre na companhia de pirão de peixe, arroz e salada. Preferimos um petisco e solicitamos a ótima porção de Pirosca aperitivo, ou gurjões fritos e empanados de peixe.

Boteco flutuante Porto Nacional
Para abrir o almoço de domingo, um delicioso caldinho de peixe

Fiquei curioso para saber do que se tratava o tal pirosca. No domingo descobri que é um nome genérico para o famoso pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do Brasil e de pesca controlada.

Pirarucu aperitivo

Exatamente por ter a pesca controlada, me revelou um sujeito de uma barrada do porto, alguns restaurantes referem-se a ele como pirosca e vendem as porções ou empanadas, ou em ensopados.

Boteco flutuante Porto Nacional
Destaco o vinagrete apimentado. Muito bom!

Domingo, na falta de outra opção, nos vimos obrigados a voltar ao Mãe Maria III. Não que isso fosse ruim, ao contrário.

O clima do lugar estava bastante animado e deu para perceber que se trata do principal destino das famílias da cidade nas domingueiras. A casa estava lotada. Sentamos sem pressa, já percebendo que o rango demoraria muito para sair.

Boteco flutuante Porto Nacional
No sábado à noite nós ficamos na boa porção de peixe aperitivo
Boteco flutuante Porto Nacional
Já no almoço de domingo optei pelo esopado de pirosca (pirarucu)

Para disfarçar a fome eu pedi um caldo de peixe, que veio rapidinho. O caldo é feito a partir da mistura do pirão com um ensopado e leva alguns pedaços de carne de peixe. Delícia. Para acompanhar, a casa serve um ótimo vinagrete apimentado que me fez recordar dos bons molhos lambões de Salvador.

Ensopado de pirosca

Pensei em pedir o Tucunaré como prato principal, mas como já tinha comido o peixe em Palmas, no domingo anterior, decidi variar e ficar no ensopado de pirosca (ou pirarucu).

Ademais, o Mãe Maria III serve peças de tucunaré entre dois e quatro quilos. Teria de contar com a colaboração do Thiago e do Xaxá para dar conta do bicho, mas eles estavam mais para repetir a porção de pirosca aperitiva. No fim das contas fiquei muito bem com meu ensopado.

Porto Nacional
Figura pitoresca de Porto Nacional: vendedor de ovos de codorna cozidos

Sobre Porto nacional, ainda vale citar duas curiosidades: a primeira é a respeito do vendedor ambulante de porções de ovos de codorna cozidos. Nunca tinha visto isso!

Não tivesse acabado de comer o peixe aperitivo teria comprado uns ovinhos. A outra, que vale também para Palmas, tem haver com um drinque que eles chamam de Cozumel – bastante popular por aqui.

Trata-se basicamente da michelada mexicana, ou cerveja com gelo, limão servida numa taça, com sal na borda. Como esta moda chegou no interiorzão do Brasil eu não sei. Quem sabe navegando pelas águas do Rio Tocantins.

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