Bar Espírito Santo, o boteco chique com sotaque português do Itaim

Por mais estranho que possa parecer, minhas primeiras jornadas gastronômicas desde que me mudei para São Paulo tem me levado, quase sem querer, a uma espécie de avaliação sobre os bolinhos de bacalhau da cidade. Desta vez, no Bar Espírito Santo, no itaim Bibi.

Uma coisa que nunca esperava encontrar em Sampa é uma variedade tão grande de lugares a servir a tal iguaria de origem portuguesa. Comumente comercializada no Rio de Janeiro e quase um símbolo da cultura botequinesca carioca.

Um pequeno couvert muito bem vindo: amêndoas e azeitonas antes da entrada

O presente parágrafo me remete a uma sexta a noite, quando fui encontrar meu amigo Rafael, outro carioca exilado em São Paulo, em seu bairro, o Itaim Bibi. Da minha casa em Pinheiros ir até o Itaim é uma caminhada agradável de meia hora por dentro do Jardim Europa. Praticamente uma cidadela arborizada dos milionários paulistanos.

Entre as muitas opções que o Rafael me sugeriu de bares, automaticamente fui atraído ao Espírito Santo. É um local de estilo botequim-tasca chique, com cardápio de influência portuguesa.

A decoração remete a uma tasca-botequim chique. Clima descontraído e limpo

A atração não foi do nada, pois tinha lido na Folha de São Paulo que a casa serviria o melhor bolinho de bacalhau da cidade. Ora, pois, por aqui todos estão a achar que servem o melhor bolinho. Bom para quem gosta do petisco como eu.

Meu amigo também havia me alertado de que se trata de um lugar um pouco mais caro. De fato é, mas nada que um carioca não enfrente pelos botequins de grife cariocas. O Espírito Santo não é um bar para a boemia de todo dia, mas de vez em quando pode cair muito bem.

Alheira ao estilo croquete

Muito bem nos caiu a Alheira (R$ 29.50), para um início de conversa.

Vale um adendo: mais do que o bolinho de bacalhau, me surpreendeu muito como é fácil se encontrar alheiras dos mais variados formatos e tipos em São Paulo.

Eis uma iguaria portuguesa que eu adoro, mas que aos poucos vai desaparecendo do comércio carioca. Hoje em dia a venda se restringe a restaurantes tradicionais. Já em Sampa há alheiras por todos os lados, o que muito me agradou.

A alheira croquete: gostosa, mas melhor para dividir por três ou quatro pessoas

A Alheira do Espírito Santo me lembrou muito da servida num excelente botequim carioca chamado Casual, no Centro do Rio. Se assemelha quase a um croquete, pois a casca é crocante e empanada, enquanto o recheio é bastante cremoso.

Achei fortemente temperada e com bastante presença. Gostosa, mas fácil de enjoar. Por isso sugiro que se divida o grande embutido por no mínimo três pessoas.

Bolinho de bacalhau leve e crocante

No oitavo parágrafo da noite era chegado o momento do bolinho de bacalhau. Logo eles chegaram como pequenos meteoritos dourados a desabar gentilmente sobre nossa mesa. Umm… Muito bom, crocante, mas assim como o bolinho do Bar do Mario, este também tem o recheio suave, mais suave até.

O bolinho de bacalhau tem recheio de tempero suave. Diferente dos do Rio de Janeiro

Depois destes dois bolinhos de bacalhau provados, comecei a constatar que em São Paulo existe uma preferência por uma suavidade no tempero do bolinho e o uso do alho é mais discreto. Outro detalhe é que a batata quase não é sentida, pois a massa dos bolinhos me parece muito bem batida.

Muitos cariocas hão de reclamar, assim como a Silvia reclamou do bolinho do Bar do Mario, por achar que estava pouco temperado.

Além disso, pelo que eu conheço do povo do Rio, alguns também sentirão falta daqueles pedaços grandes de batata dentro do petisco, ou até mesmo da espinha do peixe (que para meu amigo Henrique é um elemento essencial).

A porção de seis bolinhos: sem dúvida um petisco de respeito

Posso afirmar que seria uma temeridade desprezar o valor e o sabor destes bolinhos que provei, ainda mais porque os dois são extremamente bem feitos e com bacalhau de qualidade (talvez ai esteja um defeito para alguns, não para mim).

Gostei da porção, mas fico com o do Bar do Mario, pois a presença do bacalhau é mais forte. Dois dias depois daquela noite, porém, eu descobriria um bolinho que se assemelha mais com o estilo carioca, no Jabuti, que realmente me conquistou.

Para fechar, um abuso delicioso: lascas de bacalhau
Chope empurrado e iscas de bacalhau

Como é característico dos botequins de grife em São Paulo, no Espírito Santo os garçons socam chope na nossa goela, um atrás do outro. É um tipo de cultura que não me agrada muito, pois eu gosto de ter o direito de pedir um chope – após o meu copo esvaziar.

Mas por aqui antes que se possa tomar o último gole, o garçom já joga sobre a mesa outra caldereta. Excedendo-se isto, não há o que reclamar do serviço.

Terminamos nossa jornada portuguesa abusando dos bolsos com uma porção iscas de bacalhau que nos custou cinquenta e seis reais. Estava uma delícia, mas é uma brincadeira carinha. Minha avaliação é: existem mil lugares para eu conhecer em São Paulo antes que eu decida voltar a esta casa do Itaim, porém, levado por um amigo, ou se pintar a oportunidade, retorno com gosto.

Bar Espírito Santo

Endereço: Avenida Horácio Lafer, 634 – Itaim / Vila Olímpia. São Paulo (SP).
Funciona de terça a quinta das 12h00 às 15h00 e das 17h30 à 00h. Sexta e sábado das 12h00 à 00h. Domingo das 12h00 às 22h. Segunda das 12h00 às 15h00 e das 17h30 à 23h.
Contato: (11) 3078-7748

Para saber mais:
instagram.com/barespiritosanto
barespiritosanto.com.br

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Encontre outras dicas de bares e restaurantes em São Paulo em: comer e beber em Sampa

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