Bar do Giba Moema

Bar do Giba, Moema, Sao Paulo, acepipes de balcão

Numa esquina do bairro de Moema fica o ótimo Bar do Giba, uma casa que se tornou espécie de pequeno museu do samba carioca. Espalhados pelas paredes há diversos quadros, reportagens e bandeiras que remetem aos sambistas do Rio de Janeiro.

Alguns deles, como o músico (e conhecedor de botequins) Moacyr Luz, passaram a fazer do Giba um consulado carioca em São Paulo. Ao menos assim revelam diversas fotos e referências ao artista expostas na casa.

Bar do Giba Moema
Referências a samba carioca nas paredes por todo o bar
Clássico boteco de Moema

O Giba sobreviveu a especulação imobiliária que assolou o bairro de Moema nos anos 90. A casinha sobrevivente tem o formato típico de armazéns e botequins tradicionais. A porta principal dá para a esquina.

De um boteco pé-sujo que atendia aos operários da construção civil, o bar começou a atrair gente de todas as classes e lugares. Principalmente atrás do célebre pastel de camarão do cearense Roberto Esqueminha (não cheguei a provar). Aos poucos o lugar foi ganhando a cara simpática que tem hoje, com um belo e confortável balcão e todos os quadrinhos espalhados pela parede.

Bar do Giba Moema
Os petiscos estão escritos nas pequenas lousas em meio a quadros na parede

Curioso é que mesmo com tanto movimento, o dono da casa, o ex-bancário Giba, até hoje não colocou um cardápio a disposição dos clientes. “O cardápio sou eu” nos disse o garçom que gentilmente nos atendeu aquela noite. Achei isso fantástico!

Os pratos disponíveis estão espalhados por pequenas lousas na parede. São sugestões de pratos do dia como a feijoada de sábado e petiscos como rosbife e bolinho de bacalhau. Além disso, para quem preferir, há uma boa seleção de acepipes dispostos no balcão.

Ambiente descontraído e animado

Sentamos junto a uma mesa na parte interna da casa, já que o vento frio de Sampa não recomendava uma estada nas mesas dispostas na calçada. Xaxá pediu uma dose de cachaça Germana e eu uma cerveja Serra Malte que veio espetacularmente gelada. Naquele estilo de gelinho em volta da garrafa. Uma beleza. “Zero Grau” como define um cartaz na parede.

O que poderíamos querer mais? Cerveja geladíssima, ambiente descontraído e animado, bom serviço e pelo visto, boa comida. Assim é o Giba, que nos conquistou já nos primeiros minutos em que ali estivemos.

Bar do Giba Moema
Serra Malte “Zero Grau”

Com tanta coisa já na barriga naquele dia, decidi dispensar os pratos fartos e fiquei nos acepipes. Diversos bares em São Paulo ofertam o esquema de balcão de petiscos a peso como no caso do Giba – com diferentes tipos de salames e queijos.

Balcão de acepipes

Essa é uma maravilhosa tradição paulistana que inexplicavelmente não deu muito certo no Rio. Se restringe a casas tradicionais como a Adega Pérola ou a rede de bares Informal, que tentou com algum sucesso incentivar o balcão de acepipes.

No balcão resgatei quatro tipos de salame, um pouco de queijo parmesão para beliscar enquanto conversávamos sobre o mundo dos botequins no Rio e em São Paulo. Não queria exagerar na dose de comida, pois aquele não seria o nosso último destino na noite. Apesar de estarmos bastante aconchegados por ali. A nossa escala final seria no Bar Original onde o debate sobre o mundo dos botequins iria prosseguir.

Bar do Giba Moema
Optamos pelos acepipes no balcão, entre os quais o queijo parmesão

As nuances botequineiras entre as cidades foram o prato principal de nossa noite. Degustamos o assunto tanto no Bar do Giba, quanto em nosso último destino da já madrugada de domingo: o próprio Bar Original Ele deu origem a uma das mais bem sucedidas empresas gestoras de bares da capital e que entre outros engloba o Astor.

O jeito de ser dos botecos do Rio e de São Paulo

Os paulistanos me parecem inegavelmente exigentes em relação ao serviço profissional e a qualidade dos produtos servidos. Já os cariocas têm com o botequim uma relação mais complexa. Parecem se importar menos com a qualidade do serviço e mais com o se sentir fazendo parte do lugar.

O botequim representa o meio onde estão inseridos e é o ponto de encontro da sua ‘turma’. O bom atendimento no Rio tem suas próprias características. Passa menos pela profissionalização e mais pelo garçom amigo que faz favores e que dedica uma atenção distinta a clientela fiel.

Assim como São Paulo já há algum tempo vem tentando importar o modelo carioca de ser botequim, nos últimos anos, ventos de mudança também sopram no mundo dos botequins do Rio de Janeiro. Os cariocas, ainda sem muito admitir, começam a admirar o profissionalismo do serviço, além de aos poucos apurarem o paladar e se tornarem mais exigentes com a comida.

Mudar é preciso, mas sem perder a essência

Eu sou um dos maiores defensores desta mudança e acho que isso não necessariamente significa deixar de lado os elementos positivos próprios da cultura da cidade. Como a descontração e as relações mais pessoais nos serviços. Há espaço para tudo no Rio e entre esses espaços, os paulistanos vêm entrando com boas idéias e trazendo na bagagem o seu próprio e profissional jeito de fazer e tocar um botequim.

Bar do Giba Moema
Clima descontraído, animado e aconchegante
Bar do Giba Moema
Bem que eu gostaria de ter o Giba perto de casa

Lá estávamos eu e Xaxá a debater tudo isso na mesa do Giba, esta casa de extrema personalidade que eu gostaria de poder afirmar que faria sucesso no Rio, mas nunca se sabe. Eu pessoalmente adoraria ter este grande botequim perto de minha casa.

Mas o Giba como bom botequim que é, tem suas raízes fincadas ali naquela esquina de Moema e não parece ser um modelo tipo exportação. É único em sua existência.

Bar do Giba

Endereço: Av. Moaci, 574 – Moema. São Paulo (SP).
Horários: de terça a sexta das 17h30m às 00h. Sábado das 13h às 00h. Domingo das 12h às 18h.
Contatos: (11) 5535-9220

Para saber mais:
instagram.com/oficialbardogiba

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Encontre outras dicas de bares e restaurantes em São Paulo em: comer e beber em Sampa

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