Facca Bar, ótimo boteco de Campinas

Facca Bar, Campinas

Pertinho de nosso local de hospedagem e colado à área do centro da cidade havia um pequeno e tradicional bar que foi talvez a decisão mais acertada de nossa rápida passagem pelo município, o Facca Bar. Um botequim simpático e com personalidade.

Facca Bar, boteco, campinas
Apesar do ambiente pé-limpo, o bar tem personalidade

A entrada dando para a rua, as mesinhas na calçada e um povo a beber em pé por ali até me fez sentir como em um típico botequim carioca. No balcão há uma infinidade de garrafas e peças curiosas penduradas, inclusive uma cabeça de jacaré. “Será que tem jacaré no cardápio?” Pensei logo que vi o bichano.

Releitura de um clássico da cidade

O bar foi aberto nos anos cinquenta, funcionou por duas décadas sobre o comando dos sócios iniciais – incluso o homem que emprestou o sobrenome a casa, Facca. Mas fechou as portas nos anos setenta. Mesmo assim parece ter ficado na memória coletiva da cidade, pois em sua reabertura, já no século XXI, fez imediato sucesso.

Facca Bar, boteco, campinas
A casa ficou na memória coletiva da cidade e fez sucesso ao reabrir

Para os jovens da região, o bar ficou como uma referência de local onde seus pais iam comer um famoso sanduíche. Fiquei curioso para saber do que se tratava. Da casa original não sobrou nada, apenas fotografias presas nas paredes e as receitas de pratos que os garçons afirmaram serem baseadas nos do ido bar.

Quando abri o cardápio ficou clara a influência portuguesa dos pratos como patanisca, bolinhos e outros tantos que levam bacalhau. Talvez por isso eu estivesse me sentindo bastante em casa por ali, como nos botequins portugueses do Rio de Janeiro.

Vim a descobrir que houve um considerável fluxo migratório de portugueses para Campinas no século XIX. O que explica a influência lusa na gastronomia não só do Facca, mas da cidade de maneira geral. Não esperava, por exemplo, encontrar uma oferta de bacalhau tão grande na região.

Jacaré a passarinho
Facca Bar, boteco, campinas
O Dilo pareceu mais um jacaré a passarinho

Não foram os pratos de origem portuguesa, porém, que me chamaram mais a atenção no cardápio do bar. Há opções exóticas para o gosto brasileiro como coelho, avestruz, javali e, lá estava ele, jacaré.

Foi irresistível pedir o jacaré, que me pareceu mais difícil de encontrar em qualquer esquina. O Dilo (nome da criação) me saiu mais como um jacaré a passarinho pelo formato da porção. É cortada em pedaços médios fritos no alho e óleo e com muita cebola. Foi uma brincadeira bem cara, praticamente uma provinha por R$ 44,60. Mas que estava bom o bicho estava.

Chope cremoso

Bom também estava o chope. Cremoso e leve, no melhor estilo de São Paulo. Com o serviço ótimo e gentil (Fomos muito bem atendidos pelo Pedro) não é preciso dizer que a mesa se encheu de pratinhos. Sim, no interior de São Paulo é comum o uso de pequenos pratos para marcar a quantidade de chopes em uma mesa. Assim como é comum, e extremamente irritante, o sistema de não parar de trazer chopes se não se põe o pires em cima dos copos.

Facca Bar, boteco, campinas
Os pratinhos marcam a quantidade de chope consumidos

Essa é uma das tradições mais desagradáveis de Campinas. Não me acostumei com o troço. Imagina ter de colocar um pratinho sujo em cima do copo para o garçom parar de trazer o chope!

Por sorte, o Facca estava um pouco vazio naquela noite de segunda, e Pedro (o simpático garçom) me tratou como se fosse um fiel garçom carioca, que só traz o chope quando a gente pede. Como eu acho que deveria ser sempre.

Eu fui o único no chopp aquela noite. Os meninos ficaram na Germana, uma excelente cachaça mineira que (considerando a dose cavalar em que vinha à mesa) tinha um preço até camarada, R$ 6,90, em comparação ao que se cobra em outros cantos.

Famosíssimo Facca e bolinho de bacalhau
Facca Bar, boteco, campinas
Famosíssimo Facca, tradicional sanduíche da casa

Após o jacaré, pedimos bolinho de bacalhau (R$ 5,90), além do carro chefe da casa, o Famosíssimo Facca. É o tal lanche histórico. Trata-se de um sanduíche de imponente tamanho que já chega à mesa todo cortadinho, assim é com todos os sandubas da casa.

O recheio contempla uma combinação meio estranha a princípio: aliche, queijo prato, pernil e salsinha. Eu comi sem saber muito bem se havia gostado. Aliche é sempre um troço complicado. Tem sabor forte. Recordando hoje, eu acho que curti. O problema talvez tenha sido um leve gosto de limão.  

Facca Bar, boteco, campinas
Bom bolinho de bacalhau e croquete de carne
Facca Bar, boteco, campinas
O ponto alto da noite foi o carpaccio de avestruz

Por outro lado merece destaque o Bolinho de Bacalhau pela fritura impecável e sequinha. Com tempero interessante poderia considera-lo perfeito e de fazer inveja aos melhores bolinhos de bacalhau cariocas.

Carpaccio de Avestruz

O ponto alto da noite para mim foi o Carpaccio de Avestruz que pedi (R$ 25,90). Muito bom. É uma pena que a carne de avestruz não tenha conquistado o mercado brasileiro, pois é uma delícia e super leve.

Assim ficamos naquele clima legal e bastante descontraído, a comer exotismos, tomar cachaças e chopes paulistas. Para quem não tinha dormido quase nada na noite anterior, a boemia até que se esticou bastante.

Facca Bar

Endereço: Rua Conceição, 157 – Centro. Campinas / SP.
Horário: de segunda à sábado das 11h às 00h.
Contato: (19) 3232-0970

Para saber mais:
instagram.com/faccabaroficial

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