Galeto 183, clássico restaurante da Rua de Santana

Eu sempre fui um admirador do Galeto 183 na Rua de Santana. Um local de parada certa nas tardes de sábado da vida, ou almoço esticado de sexta-feira. Curiosamente, em todo o tempo que minha mulher trabalhou no jornal O Globo eu não botei os pés por lá.

Digo curiosamente porque o botequim é conhecido por ser quase uma extensão da redação do jornal carioca, por estar bem ao lado da sede do veículo de mídia.

Naqueles dias acho que era tão óbvio combinar um almoço por lá que eu simplesmente ficava adiando e adiando, até que ela mudou de emprego e nós fizemos as malas para São Paulo.

Por unanimidade decidimos pelo Filé à Campanha: carne macia e suculenta
Botecagem profissional

Só então caí em mim que fazia tempo que não ia ao restaurante. Foi necessária a sugestão de um ilustre companheiro de profissão, ou seja um botequeiro profissional, para que eu finalmente voltasse a casa.

Era uma quinta-feira de pré-carnaval (quer dizer, de carnaval mesmo) e meu amigo Vinicius foi responsável pelo evento. 

Para nos acompanhar, chamou também o Guilherme Studart. É simplesmente o autor das últimas edições do guia Rio Botequim e um dos maiores conhecedores de botequins, botecos e afins em todo o Estado do Rio de Janeiro.

Foi uma verdadeira honra tê-lo em nossa presença. Partiu de Guilherme a sugestão do lugar de almoço: Galeto 183.

Chope e a porção de simples e boas torradas com manteiga
Boteco cativo do O Globo

Aparentemente todos do jornal O Globo também decidiram esticar o almoço naquele carnaval. Fomos surpreendidos por uma fila na espremida entrada do botequim. Nada dramático.

Em verdade, o papo por ali estava tão divertido que nem sentimos o tempo passar. Ademais, com um chope saído da torneira logo ao lado e uma porção simples e deliciosa de torrada com manteiga, nada mesmo poderia nos entediar.

A despeito de estar cheio, o rodízio de mesas é muito ligeiro. Antes de nossa fome terminar de devorar as torradas e nossa sede esvaziar a segunda rodada de tulipas de chope, nós já nos encontrávamos sentados. Lá em uma mesa nos fundos do comprido estabelecimento.

O restaurante segue mais ou menos o padrão decorativo das clássicas casas de galeto do Rio. Tem seus azulejos característicos e um fogareiro de tijolos onde a comida é preparada na brasa.

Botequim de ambiente singelo é ponto de encontro dos jornalistas do O Globo
Como acompanhamento uma suruba de carboidratos: arroz, feijão, farofa e batata

Não espere que um lugar cheio de trabalhadores e jornalistas seja silencioso. Entre na onda dos decibéis e relaxe. Se estiver quente, busque um refresco na cerveja e no vento incerto dos ventiladores de teto. Um vaporizador preso à parede ajuda bastante.

O serviço é rápido e vê-se que os garçons são hábeis e acostumados ao forte movimento. Como em todo botequim que se preze, a relação entre a equipe e os clientes é bastante próxima. Todos parecem se conhecer de velhos tempos.

Tudo é gerenciado com muita paixão pela portuguesa Ana de Campos, a simpaticíssima e elegante dona da casa. Sempre que o serviço permite ela passa pessoalmente pelas mesas para cumprimentar o pessoal. Naquela hora a missão de fechar as contas no caixa não deixava muita brecha para ela fazer social.

Angú à Baiana

O Galeto 183 é conhecido por vários pratos como o cozido, o cabrito, o galeto propriamente dito e os as peças de filé mignon. Porém, sem dúvida,  merece destaque no cardápio o Angu a Baiana. Principalmente porque Ana recebeu a receita de seu amigo Gomes, o criador do mitológico Angu do Gomes.

O precioso documento com a receita escrita à mão está enquadrado na parede do bar. Servido as quartas-feiras, o angu sempre me escapou da agenda. Uma falha no currículo que eu tenho de consertar antes de morrer.

Na parede uma preciosidade: receita do Angu do Gomes dado pelo autor para a Dona Ana
Filé a Campanha

Por unanimidade decidimos por outro prato tradicional da casa, o Filé a Campanha. A porção para três pessoas vem acompanhada de fritas, arroz, feijão, farofa e um molho a campanha que no fundo é só um detalhe na suruba de carboidratos. Refeição mais completa que esta no mundo não há.

Considerando que os pratos do Galeto 183 não são caros, a carne servida por lá é realmente uma grande pedida. O bife é baixo e esticado, macio, servido no ponto certo e bem suculento. Confesso, no entanto, que a deliciosa farofa e o feijão muito saboroso roubaram a minha atenção. Feijão bom é sinal de feijoada excelente. Tenho de conferir numa sexta-feira.

Foi um grande prazer estar ali me fartando daquela comida bem feita e conversando sobre um dos assuntos que mais me encantam, botequins, com o Vinicius e o especialista no tema, o Studart – É claro que não deixei de anotar as diversas dicas que ele ia jogando ao longo do bate-papo. Algumas delas hora ou outra também estarão aqui nos Diários Gastronômicos.

Galeto 183

Endereço: Rua de Santana 183 – Centro. Rio de Janeiro / RJ.
Horário: de segunda a sexta das 6h às 17h.
Contatos: (21) 2252-3914.

Para saber mais: 
instagram.com/galeto183

Gostou da dica? Então quando der um pulo lá não deixe de falar pra gente como foi a experiência no Instagram do Diários Gastronômicos ou aqui no blog.

Encontre outras dicas de bares e restaurantes no Rio de Janeiro em: comer e beber no Rio

About André Comber

editor do site Diários Gastronômicos

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3 Comments on “Galeto 183, clássico restaurante da Rua de Santana”

  1. Ótima matéria! A comida do Galeto 183 é muito saborosa e muito bem servida! Os garçons são muito simpáticos e a dona do estabelecimento é um amor de pessoa e proporciona um atendimento V.I.P. aos seus clientes.

  2. Pingback: Costela de Boi no Escondidinho | Diários Gastronômicos

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