Restaurante Almanara, a República árabe

Conheci e aprovei a comida do Restaurante Almanara em diferentes ocasiões, seja na casa de algum amigo ou conhecido. No entanto sempre me peguei frustrado por nunca ter ido efetivamente ao restaurante.

Não me refiro ao endereço na Rua Oscar Freire, muito menos as diversas filiais em shoppings de São Paulo, mas sim a casa original, na Rua Basílio Da Gama, na República.

 Restaurante Almanara
O ambiente com clima dos anos cinquenta do endereço da República com seus painéis ao fundo
Tradição desde 1950

Fundado em 1950 por uma família de origem libanesa, o Almanara é sem dúvida uma das mais tradicionais casas de influência árabe de São Paulo. É surpreendente que mesmo tendo crescido e virado rede, a qualidade da comida do grupo se manteve.

Hoje o negócio também conta com um eficiente serviço de entrega para quase toda a cidade. É bastante normal, portanto, que nos peguemos a comer os pratos típicos do Almanara na casa de amigos ou em nossa própria casa e não nos restaurantes da rede.

 Restaurante Almanara
O balcão é um dos muitos detalhes que merecem atenção por lá

Num desses sábados de frio na capital, por sugestão de minha esposa, tomamos o rumo da região Central. Já era por volta das quinze horas e o Almanara nos pareceu, antes de tudo, uma boa alternativa por conta do horário, já que não fecha entre a hora do almoço e jantar. Como é comum ocorrer em restaurantes de São Paulo.

Ademais, desta vez eu queria comer direto da fonte. Creio sempre que no endereço original se come melhor. Pode ser besteira, vão dizer, mas para mim o ambiente influi no gosto da comida também.

 Restaurante Almanara
O cremoso chope da Heinekein é servido no copo rabo de peixe
Almanara da Basílio da Gama

No caso do Almanara o endereço original é por si só um programa. O restaurante é muito legal, com clima anos cinquenta, grandes colunas, garçons experientes, um belíssimo balcão de mármore e os painéis que retratam paisagens da cultura árabe.

Para mim tudo ainda é completo pela própria região onde está, a República. Lá eu gosto de escapar, vez em quando, para um passeio entre a arquitetura monumental, por vezes discutível, de seus edifícios.

 Restaurante Almanara
Logo de início as tradicionais pastinhas árabes: homus, coalhada seca e babaganuche

Conseguimos nos livrar da grande fila (previsível) formada por famílias que se aglomeravam na porta do restaurante, na Rua Basílio da Gama. Éramos apenas nós dois e sempre há uma mesinha para dois em algum cantinho do salão. A filial do Centro é a única que trabalha, também, com sistema de rodízio.

A tendência de quem está morrendo de fome, como nós naquele dia, é de partir pra dentro do rodízio. Não tenham dúvidas de que foi exatamente isso que fizemos. Mas não foi só por conta da fome. O rodízio também nos possibilita provar uma variedade maior de pratos, ainda mais quando se está apenas a dois. Havia muitas coisas que eu estava ansiando para experimentar por ali no Almanara.

 Restaurante Almanara
Kibe frito da casa

O papo começa nas pastinhas de homus, babaganuche e coalhada seca , como é tradição em casas árabes. Acompanhando as mesmas vem uma cestinha de pães, que é sempre substituída assim que acaba.

Junta-se a estas entradas uma salada que a casa denomina de Almanara. Não estava mal. A salada é servida dentro de uma grande taça que me recordou as velhas taças de servir coquetéis de camarão. Moda até os anos 80.

Copo rabo-de-peixe

Antes do início do parágrafo anterior eu tinha solicitado um chope. Bom chopp Heineken, cremoso, mas o destaque fica mesmo pelo copo rabo-de-peixe em que é servido. Adorei. Quando o parágrafo anterior terminou, tinha solicitado o segundo. Ao findar destas palavras, o terceiro já estava à mesa.

 Restaurante Almanara
O ponto final da jornada foi dedicado ao kibe cru: carne fresquíssima

Voltando as pastas, gostei particularmente da coalhada seca. O babaganuche e o homus do restaurante estão num bom nível. O pão árabe é normal, já comi melhores, porém as torradinhas feitas do mesmo pão sumiram da cesta em poucos minutos e voltaram a sumir assim que o garçom trouxe o refil.

A partir daí teve início uma sequência de vários alimentos, um após outro, em grande velocidade. Este é o lado negativo do rodízio: em vinte minutos estamos empanturrados e o almoço terminou.

É claro que podemos ir provando devagar, esticando a estada, mas… Até tentei ir aos poucos. Na verdade foram mais de vinte minutos de degustação, talvez trinta.

 Restaurante Almanara
Mais um pouco do estilo da casa em seu mobiliário vintage
Rodízio a toda prova

Primeiro veio uma rodada de charutinhos de folha de uva, muito típicos. Apreciei o tamanho, pequeno, o que nos permite comer sem exagerar na dose. O recheio estava saboroso. Tudo o que eu resgatava das bandejas dos garçons era sempre acompanhado de tabule, que eu adoro. Adorei mais ainda o do Almanara. Muito bom.

Segui com uma esfiha. Como era grande, resolvi pegar apenas uma, de carne. Já andei falando de esfihas em textos anteriores no Diários Gastronômicos. Posso dizer que se o Almanara não serve a melhor que já comi, mas eles ao menos mandam muito bem na coisa. Massa leve, recheio molhado e gostoso, pouco empanzinadora. A receita para uma esfiha respeitável.

 Restaurante Almanara
No balcão, a série de espetos na espera pelo serviço

Passei pelo kibe frito – que me decepcionou um pouco. O do Almanara não estava muito legal e ficou claro que o problema era no processo, pois provei o kibe cru da casa e gostei (carne fresquinha). Talvez por ter demorado a ser servido. Kibe bom é kibe recém-tirado da fritura, com a casquinha maravilhosamente crocante.

Já falei do kibe cru, que foi o ponto final da jornada, no entanto o grande momento do almoço ficou por conta mesmo da kafta de cordeiro. Gostei tanto que repeti umas três vezes. É fina, comprida e muito saborosa. Com a vantagem ainda de não ser ressecada, como algumas que se vê por aí.

Posso até por conveniência pedir kaftas e outras delícias do restaurante em casa, ou até quem sabe acabar comendo em um shopping (por pura praticidade e ponto. É tão chato ser prático…). Porém para mim nada se compara a um almoço no próprio Almanara da República.

Restaurante Almanara (República)

Endereço: Rua Basílio Da Gama, 70 – República. São Paulo (SP).
Horário: diariamente das 12h às 22h.
Contatos: (11) 32577580

Para saber mais:
almanara.com.br
instagram.com/almanararestaurante

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Encontre outras dicas de destinos em São Paulo em: comer e beber em Sampa .

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